O poema romancizado: uma proposta de leitura bakhtiniana do modernismo brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2022vol42n2p77Palabras clave:
Mikhail Bakhtin, modernismo brasileiro, poesiaResumen
Ao longo de sua obra, o pensador russo Mikhail Bakhtin desenvolve um aparato teórico inovador para tratar da linguagem do romance, tendo em mente certas obras entendidas como mais prototipicamente romanescas. No entanto, o autor também considera que, em períodos em que o romance se torna predominante numa dada sociedade, há uma tendência à “romancização” de outros gêneros, incluindo a poesia, que passaria então a exibir características da linguagem romanesca como a presença do que Bakhtin chamou de “heterodiscurso” (raznorétchie) e uma tendência ao dialogismo (em oposição ao “monologismo” que é mais tipicamente predominante no poema tradicional). Neste artigo, realizaremos uma breve exploração das possíveis aplicações do pensamento bakhtiniano para a análise de poesia, exemplificada pela leitura de poemas dos modernistas brasileiros Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, o que nos leva a observar como a implementação consciente desses elementos da prosa pela poesia (sem que, no entanto, suas obras deixem de ser poemas, sujeitos às técnicas comuns de interpretação poética) é uma parte integral do projeto literário dos primeiros modernistas brasileiros.
Descargas
Citas
ANDRADE, Oswald de. Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias. Vol. 6 das Obras Completas. 10 vols. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas. Vol. 7 das Obras Completas. 10 vols. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.
ANDRADE, Mário de. Correspondência Mário de Andrade e Manuel Bandeira. Marcos Antonio de Moraes, org. São Paulo: Edusp/IEB-USP, 2000.
BAKHTIN, Mikhail. The Dialogic Imagination: Four Essays. Trad. Caryl Emerson & Michael Holquist. Austin: U of Texas P, 1981.
BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I: a estilística. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: editora 34, 2015.
BANDEIRA, Manuel. Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estudos Avançados, São Paulo, v. 4, n. 10, p. 91-110, 1990. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8582. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40141990000300005
FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar edições, 2006.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.
FISH, Stanley. How To Recognize a Poem When You See One. Is There a Text in This Class? The Authority of Interpretive Communities. Cambridge: Harvard UP, 1980. 322-337.
FREITAS, Anderson de Moura. O poema curto de Oswald de Andrade: surgimento de uma tendência da literatura brasileira contemporânea. Revista de Letras, Curitiba, v. 22, n. 37, p. 82-102, jan./jun., 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/7162. DOI: https://doi.org/10.3895/rl.v22n37.7162
MORSON, Gary Saul & Caryl Emerson. Mikhail Bakhtin. Criação de uma prosaística. Trad. Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: EDUSP, 2008.
PERLOFF, Marjorie. A Escada de Wittgenstein: a linguagem poética e o estranhamento do cotidiano. Trad. Elizabeth Rocha Leite & Aurora Fornoni Bernardini. São Paulo: Edusp, 2008.
PIRES JÚNIOR, Sidney Oliveira. Nacionalismo e projeto nacional em Mário de Andrade. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 10, n. 2, dez/2013. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/28283.
ONG, Walter J. Orality and Literacy. New York: Routledge, 1982. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203328064
ROSA, Victor da. O nu e o vestido (por ocasião da descoberta do Brasil). Galáxia, São Paulo, v. 47, p. 1-21, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-2553202257846. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-2553202257846
SANTOS, Luzia Aparecia Oliva dos. O percurso da indianidade na literatura brasileira: matizes da figuração. São Paulo: Editora da UNESP, 2009. DOI: https://doi.org/10.7476/9788579830204
STEINER, George. After Babel: aspects of language and translation. New York: Oxford UP, 1975.
TEZZA, Cristóvão. Entre a Prosa e a Poesia: Bakhtin e o Formalismo Russo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
VOLOCHINOV, V. N (Bakhtin Mikhail). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud & Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1992.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
a) Los autores conservan los derechos de autor y otorgan a la revista el derecho de primera publicación, siendo la obra licenciada simultáneamente bajo la Licencia Creative Commons Reconocimiento-No Comercial 4.0 Internacional, permitiendo la compartición de la obra con reconocimiento de la autoría de la obra y publicación inicial en este periódico académico.
b) Los autores están autorizados a asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicar en un repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista. diario.
c) Se permite y anima a los autores a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) después del proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Ver Efecto del Acceso Abierto).
d) Los autores de los trabajos aprobados autorizan a la revista para que, luego de la publicación, transfiera su contenido para su reproducción en indexadores de contenido, bibliotecas virtuales y similares.
e) Los autores asumen que los textos sometidos a publicación son de su creación original, asumiendo total responsabilidad por su contenido en caso de objeción por parte de terceros.