Chamada de Artigos (CFP 2025.1): “Literatura em Pixels: Navegando nas Ondas da Cultura Mediática”

15-05-2024

Esse dossiê da Terra Roxa e Outras Terras (v. 45 n.1) tem publicação prevista para junho de 2025, com chamada aberta até 29 de novembro de 2024.

Observação: o processo de avaliação só começará a partir da data de fechamento da chamada.

Editores responsáveis pelo dossiê:
1) Gustavo Ramos (UEL)
2) Claudia Kozak (Universidad de Buenos Aires)
3) Alamir Corrêa (UEL)

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CFP 2025.1

“O céu sobre o porto tinha cor de televisão num canal fora do ar” diz o célebre incipit de Neuromancer (1984), o romance cyberpunk de W. Gibson. Chama a atenção na formulação de Gibson a inversão mimética: não é a televisão enquanto aparato que cria imagens a partir do que se percebe como real, mas aquilo que se entende como real mimetiza a televisão. Walter Benjamin, em “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1936), antecipa, desde o conceito de inconsciente ótico, a ideia de que a fotografia e o cinema modificaram radicalmente a percepção humana tanto quanto o regime estético.

Com a transposição dos meios analógicos para os aqueles digitais, em que "desaparecem as diferenças dos meios individuais" (Kittler), o processo de cruzamento dos media, no primeiro quartel do século XXI, tornou-se ainda mais agudo, impactando os modos de produção, circulação bem como a própria especificidade midiática. Nesse contexto, qual o lugar da literatura num mundo cada vez mais mediático? Em uma cultura letrada associada ao livro impresso e à palavra escrita, como encarar o texto literário ao mudar de suporte? O livro ainda permanece enquanto instância legitimadora da literatura? De que instrumentos se vale a Teoria Literária para analisar produções, cada vez mais, emaranhadas com os aparatos tecnológicos?

A literatura e a cultura mediática estão entrelaçadas em uma dança frenética de palavras, imagens e bytes. Nossos tempos modernos testemunharam uma metamorfose literária, na qual as páginas de papel cederam espaço material aos pixels luminosos das telas. Nesse cenário, emergem questões instigantes que merecem nossa atenção crítica; afinal, a literatura não é mais confinada à tinta e ao papel. Ela se desdobra em formas digitais, incorporando vídeos, áudios e animações. Como os escritores navegam por esse oceano de possibilidades multimediáticas? Como a experiência de leitura se transforma quando palavras dançam com imagens e sons, para usar a metáfora das Moving Letters?

Desde os primórdios do jornalismo, a literatura encontrou abrigo nas páginas dos periódicos. Hoje, as manchetes digitais e os blogs literários continuam a moldar a opinião pública sobre autores e obras. Como a tradição jornalística se adapta à era digital? Quais são os desafios e oportunidades para a divulgação e discussão literária? As práticas iniciais mudaram alguma coisa em termos de uma materialidade textual?

O cinema, as telenovelas e as séries televisivas são terrenos férteis para a literatura. O que acontece quando um romance ganha vida nas telas? Como a tradução de palavras em imagens afeta nossa compreensão e apreciação das obras literárias? E, mais importante, como os criadores equilibram fidelidade e inovação?

Twitter, Instagram, TikTok: essas plataformas não são apenas para selfies e memes. Elas também abrigam novos gêneros literários. Videopoemas, microcontos, divulgação de autores – tudo acontece em 280 caracteres ou menos. Como as redes sociais redefinem a literatura? Quais são os riscos e benefícios dessa interação digital? Como se dá, por exemplo, a remediação dos instapoemas?

Assim, a fim de promover discussões em torno da literatura e a cultura mediática, este dossiê se propõe a abrir um espaço para contribuições de cunho teórico, crítico e analítico que respondam a algumas das questões aqui levantadas. Algumas sugestões que podem ser exploradas são:

- Multimídia Literária: Além das Palavras
- Literatura Expandida
- Teoria Literária e Media Studies
- Remediação: do impresso ao digital, e do digital ao impresso
- Jornalismo Literário: Do Século XIX às Manchetes Digitais
- Redes Sociais: O Novo Cenário Literário