O risível mundo às avessas em Elisa Lucinda: a questão racial em foco

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p169

Palavras-chave:

risível, cômico, racismo, Elisa Lucinda

Resumo

A proposta deste artigo é analisar o risível em Livro do Avesso: o pensamento de Edite, da escritora Elisa Lucinda, cuja escolha estética de fabulação literária se orienta por meio do risível. A partir de teorias do riso, especialmente considerações de Henri Bergson (2018), Vladimir Propp (1992) e Sigmund Freud (2015), destaca-se o caráter crítico do humor apresentado nos pensamentos da personagem Edite, os quais esboçam reflexões que transitam o cômico, mas revelam o trágico, sobretudo no que se refere à questão étnico-racial, para a qual há diálogo com Grada Kilomba (2019), bell hooks (2010, 2019) e, especificamente na literatura, com Cuti (2010). Percebe-se que os pensamentos de Edite são recursos centrais para a elaboração do risível na referida produção literária, o que garante à personagem um caráter livre para se manifestar sobre qualquer assunto, visto que no avesso da vida, nesse fluxo indomável, são expostos principalmente os defeitos e vícios do indivíduo. Existe, assim, liberdade para veicular julgamentos a discursos racistas, sem medo de que a inversão da piada seja destituída de graça, bem como de estabelecer críticas ao que se entende, conforme Adilson Moreira (2019), por racismo recreativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thiara Cruz de Oliveira, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutoranda em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo.
Professora de Língua Portuguesa (SEDU/ES).

Michele Freire Schiffler , Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Professora do Departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo.

 

Referências

ALBERTI, Verena. O riso e o risível na história do pensamento. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação do cômico. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1900-2018.

CUTI (Luiz Silva). Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010.

FREUD, Sigmund. O humor (1927). Arte, literatura e os artistas. Trad. Ernani Chaves. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

HOOKS, Bell. E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo. Trad. Bhuvi Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.

HOOKS, Bell. Vivendo de amor. Geledés. 3 set. 2010. Disponível em: https://www.geledes.org.br/vivendo-de-amor/.

KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. 1. ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LUCINDA, Elisa. Livro do avesso: o pensamento de Edite. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

MOREIRA, Adilson. Racismo recreativo. São Paulo: Sueli Carneiro – Pólen, 2019.

PROPP, Vladímir. Comicidade e riso. Trad. Aurora Fornoni Bernardini & Homero Freitas de Andrade. São Paulo: Ática, 1992.

Downloads

Publicado

11-12-2025

Como Citar

Oliveira, Thiara Cruz de, e Michele Freire Schiffler. “O risível Mundo às Avessas Em Elisa Lucinda: A questão Racial Em Foco”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 45, nº 2, dezembro de 2025, p. 169-7, doi:10.5433/1678-2054.2025vol45n2p169.