A montanha e o poeta: um avarandado para os Andes em poemas de João Cabral de Melo Neto
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2023vol43n2p103Palavras-chave:
João Cabral de Melo Neto, Paisagem, Poemas andinosResumo
Ao realizarmos a leitura da poética de João Cabral de Melo Neto, identificamos um conjunto de paisagens em verso. Em sua maioria, esses lugares representados correspondem a coordenadas que, do ponto de vista biográfico, Cabral percorreu durante seu trabalho como parte da equipe diplomática brasileira no Itamaraty. Para este artigo, elegemos como corpus alguns poemas dedicados à região andina, em especial textos que refratam a estadia do autor no Equador, entre os anos de 1979 e 1981. Compõem esse conjunto tanto poemas publicados na seção “Viver nos Andes”, do livro Agrestes (1985), quanto poemas reunidos, postumamente, como parte da produção inédita do poeta. Nossa leitura é orientada pelas considerações sobre a relação entre poesia e paisagem formuladas por Michel Collot (2013) e Ida Alves (2013), além do aporte crítico sobre a poesia cabralina de Marta Peixoto (1983), Carlos André Pinheiro (2007) e Antonio Carlos Secchin (2020). Nos textos em análise, a imagem do Chimborazo, vulcão adormecido que impera sobre a cordilheira andina, funciona como figura revestida por um ideal pedagógico e estético para o poeta-observador, a quem interessa alcançar uma dicção medida, afim à lava controlada do elemento geológico. Além disso, ao cotejarmos os poemas com o texto “Mi delírio sobre el Chimborazo”, escrito por Simón Bolívar, no início dos anos de 1820, percebemos o aspecto interacionista que norteia a ideia de paisagem e, por conseguinte, sua formalização em textos poéticos, visto que diferentes pontos de vista repercutem de formas igualmente diversas nas representações poéticas.
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Referências
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