A dignidade literária de Sete-de-ouros
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2022v42p96-108Palavras-chave:
questão animal, personagem, Sagarana, Guimarães RosaResumo
O presente artigo é resultado de uma pesquisa sobre a questão animal em João Guimarães Rosa. A partir da leitura de “O burrinho pedrês”, publicada em 1946, em Sagarana, este trabalho tem como fio condutor reflexões sobre os conceitos de “personagem”, proposto por Beth Brait, e de “vida”, abordado por Giorgio Agamben. Propondo um distanciamento de leituras alegóricas ou simbólicas, busca-se analisar os procedimentos de composição de Sete-de-Ouros, compreendendo que a literatura de Rosa reconhece que os animais podem sentir, podem sofrer. Assim, entrecruzando outras referências bibliográficas sobre o animal e os textos críticos sobre Guimarães Rosa, recorre-se a textos teóricos de Antonio Candido, Benedito Nunes, Gabriel Giorgi, Julieta Yelin, Maria Esther Maciel, Suzi Frankl Sperber, entre outros.
Downloads
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. O aberto. O homem e o animal. Trad. Pedro Mendes. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2017.
AGAMBEN, Giorgio. O uso dos corpos. Trad. Selvino Assmann. São Paulo: Boitempo, 2017.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985.
CANDIDO, Antonio. A educação pela noite & outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989.
CANDIDO, Antonio. A personagem do romance. Antonio Candido et al. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 51-80.
CHKLOVSKI, V. Arte como procedimento. Trad. Dionísio de Oliveira Toledo. Teoria da literatura: formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1976. p. 39-56.
CHKLOVSKI, V. Arte como procedimento. Trad. David Gomiero Molina. RUS, São Paulo, v. 10, n. 14, p. 153-176, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2019.153989. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2019.153989
DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou (A seguir). Trad. Fábio Landa. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
GIORGI, Gabriel. A vida imprópria. Histórias de matadouros. Maria Esther Maciel. Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011. p. 199-220.
GIORGI, Gabriel. Formas comuns: animalidades, literatura, biopolítica. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
LEONEL, Maria Célia de Moraes. Guimarães Rosa: Magma e gênese da obra. São Paulo: Unesp, 2000
LESTEL, Dominique. As origens animais da cultura. Trad. Maria João Batalha Reis. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
LESTEL, Dominique. A Animalidade, o humano e as “comunidades híbridas”. Maria Esther Maciel, org. Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011. p. 23-53.
MACIEL, Maria Esther. Poéticas do animal. Maria Esther Maciel. Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011. p. 85-101.
MACIEL, Maria Esther. Literatura e animalidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 2004.
NUNES, Benedito. O animal e o primitivo: os outros de nossa cultura. Maria Esther Maciel. Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Ed. UFSC, 2011. p. 13-22. DOI: https://doi.org/10.5801/ncn.v14i1.605
ROSA, Guimarães. Magma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
ROSA, Guimarães. Ave, palavra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
ROSENFIELD, Kathrin Holzermayr. Desenveredando Rosa: a obra de J. G. Rosa & outros ensaios rosianos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.
SPERBER, Suzi Frankl. Caos e cosmos: leituras de Guimarães Rosa. São Paulo: Duas Cidades, 1976.
SPERBER, Suzi Frankl. Guimarães Rosa: signo e sentimento. São Paulo: Ática, 1982.
SPERBER, Suzi Frankl. Ficção e razão: uma retomada das formas simples. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2009.
THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
TOLSTOI, Leon. Kholstomier. Contos completos. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 254-286.
UEXKÜLL, Jakob Von. Dos animais e dos homens: digressões pelos seus próprios mundos. Trad. Alberto Candeias e Aníbal Garcia Pereira. Lisboa: Livros do Brasil, 1933.
YELIN, Julieta. Sobre la literatura de animales. Apuntes para una crítica indisciplinada. Elda Firmo Braga, Evely Vânia Libanori & Rita de Cássia Miranda Diogo, orgs. Representação animal nos estudos literários. Rio de Janeiro: Oficina da Leitura, 2015. p. 99-113. Disponível em: http://oficinadaleitura.com.br/resources/%28Livro%20V%29%20Representa%C3%A7%C3%A3o%20animal%20em%20textos%20liter%C3%A1rios.pdf.
YELIN, Julieta. El animal biográfico. 452ºF, Revista de Teoria de la Literatura y Literatura Comparada, Barcelona, n. 17, p. 36-46, jul. 2017. Disponível em: https://www.452f.com/pdf/numero17/17_452f_Yelin_orgnl.pdf.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution International 4.0 License, permitido o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho em linha (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.