Adoções tardias
a construção de elos afetivo-familiares a partir da adoção de crianças acima de três anos de idade
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-4842.2024v27n3p648Palavras-chave:
adoção tardia, elos afetivo-familiares, motivações, racismo estrutural, adoção no BrasilResumo
A temática deste artigo delineia-se à compreensão da adoção tardia, de crianças a partir dos 03 anos de idade e de adolescentes, ante os desafios da formação de novos arranjos e elos afetivo-familiares. Pretende-se essa discussão, concernente ao curso e à consolidação do processo adotivo, na tentativa de compreender quais são as motivações que comumente conduzem à decisão por este tipo de adoção, bem como quais são as dificuldades enfrentadas pelo/a(s) adotado/a(s) nesse mesmo processo. Não noutro sentido, tenciona-se a ruptura de padrões e expectativas ideais, notadamente quanto à realidade das crianças e adolescentes disponíveis para a adoção no Brasil. Faz-se, para tanto, necessário elucidar algumas problemáticas atinentes ao racismo e à mentalidade patriarcal pequeno-burguesa, analisando os desafios daí decorrentes à construção dos novos elos familiares, especificamente em meio à cultura e às práticas adotivas ainda vigentes em na sociedade. Busca-se, por último, sinalizar quais itinerários são ainda necessários percorrer, a fim de que a adoção - especialmente a tardia - seja efetivamente vista e vivida como experiência plena de família e parentalidade no país. Concebem-se essas considerações e reflexões críticas sobre a adoção tardia e a cultura da adoção no Brasil com base na bibliografia indicada – Azambuja (2003), Baranoski (2016), Levinzon (2004), Maldonato (2001), Maux e Dutra (2010), Silva (2009), Webber (1999, 2010) entre outros/as – e nos enunciados de documentos e dispositivos legais, como a Constituição Federal de 1988, a Lei de Adoção (nº 13.509/2017) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/1990).
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Referências
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