Avaliações acerca da Palatalização Progressiva por Estudantes Universitários

Resumo

Esta pesquisa objetiva investigar, a partir de testes de atitudes e julgamentos linguísticos, a significação social das variantes envolvidas no processo de palatalização progressiva das oclusivas alveolares /t/ e /d/, como em formas linguísticas do tipo ‘mui[t]o ~ mui[tʃ]o’ e ‘gos[t]o ~ gos[tʃ]o, por parte de estudantes universitários alagoanos. Estudos sociolinguísticos com produção da fala espontânea indicam que esse processo linguístico sofre pressões sociais negativas (Henrique; Hora, 2012; Mota; Rollemberg, 1997; Oliveira, 2017; Santos, 1996; Souza Neto, 2014), sendo evitado por pessoas mais jovens, mais escolarizadas e do sexo feminino. Considerando esse mapeamento no Nordeste, esta pesquisa investiga como a variante palatalizada é avaliada no ambiente universitário. Para tanto, o estudo se dá por meio de experimentos desenvolvidos com a técnica matched-guise (Campbell-Kibler, 2009; Irvine, 2001; Lambert et al., 1960), com o intuito de analisar como aspectos subjetivos da identidade do falante podem interferir em julgamentos linguísticos e evidenciar valores socialmente estabelecidos. Portanto, foi aplicado um questionário de percepção e julgamento, através de formulário eletrônico, a 200 estudantes universitários da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL. Os resultados apontam para a existência de diferença na significação social que envolve a variante palatalizada a depender do contexto fonético/fonológico anterior à consoante oclusiva, se fricativa, como em palavras do tipo ‘gosto’ ou semivogal, como em ‘oito’. Sendo possível afirmar que, embora em ambos os casos haja uma avaliação negativa, quando a palatalização ocorre em ambiente de semivogal, o julgamento negativo é mais proeminente.