Do Presente do Subjuntivo ao Presente do Indicativo: indícios de transição na escrita catarinense
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2019v22n3p176Palavras-chave:
Presente do indicativo, transição, escrita catarinenseResumo
Situado numa interface entre a teoria da variação e mudança e o funcionalismo linguístico, este artigo, revisitando o trabalho de Autor (2012), objetiva examinar o contexto variável de presente do subjuntivo (PS) e presente do indicativo (PI) em uma amostra diacrônica composta por cartas ao redator publicadas em jornais das cidades de Florianópolis e de Lages (SC) a partir do final do século XIX até o final do século XX, buscando indícios contextuais de transição. Uma investigação mais refinada dos dados com foco na periodização histórica permitiu identificar, além do aumento de frequência de PI a partir da década de 1960, os contextos favoráveis à expansão dessa forma verbal (submodo epistêmico com projeção temporal espraiada e orações substantivas objetivas diretas com verbos de cognição, notadamente o item lexical achar) e os contextos de restrição (submodo deôntico com projeção futura e orações com gatilhos formais, como talvez e conjunções concessivas). Os resultados desses fatores que atuam imbricadamente, coocorrendo com PS e PI em cada período e ao longo do tempo, dão sustentação à ideia de que PI, em transição gradual, vai lentamente se espraiando para o domínio funcional de PS, na escrita catarinense.Downloads
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