Estratégias para a Obtenção de Respostas nos Inquéritos do ALiB: a questão 054 (aftosa) nas capitais do Centro-Oeste e Sudeste

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-4876.2018v21n1p32

Palavras-chave:

reformulação de questão, estratégias do inquiridor, Atlas Linguístico do Brasil.

Resumo

Alicerçado nos preceitos teórico-metodológicos da Dialetologia e da Sociolinguística, o presente artigo tem o intento de descrever estratégias utilizadas pelos inquiridores do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) na reformulação da questão 054 do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) – com vistas à obtenção da resposta aftosa –, em entrevistas realizadas nas capitais das Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Para tanto, rememoramos o percurso histórico da Geolinguística e do Projeto ALiB, refletimos a respeito dos passos da pesquisa geolinguística com enfoque na postura do inquiridor, comentamos sobre a relevância do conhecimento de mundo e do conhecimento partilhado entre informante e inquiridor para o êxito de trabalhos dessa natureza e, finalmente, analisamos as estratégias do inquiridor para a consecução da resposta correspondente à aludida questão, tecendo breves comentários acerca da formação socioeconômica das mencionadas regiões do País. O corpus deste estudo é constituído pelas entrevistas extraídas dos inquéritos do Projeto ALiB, as quais revelam que aftosa, por se tratar de uma variante ligada à vida do campo, foi registrada com maior facilidade pelos falantes da Região Centro-Oeste, ao passo que, no Sudeste, há maior incidência de reformulação da questão, provavelmente porque o vocábulo pertence a uma realidade mais distante desses informantes.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Vanessa Yida, Universidade Estadual de Londrina

Doutoranda em Estudos da Línguagem pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Línguagem da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista Fundação Araucária desde 2015. Atua na área de Sociolinguística e Dialetologia.

Myriam Rossi Sleiman Gholmie, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Mestranda em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Bolsista CAPES desde 2017. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Dialetologia e Linguística Histórica.

Celciane Alves Vasconcelos, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Doutora em Filologia Portuguesa pela Universidade de São Paulo - USP (2013). Docente na Universidade Estadual de Londrina - UEL.

Referências

AGUILERA, V. de A. Atlas Lingüístico do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Estado, 1994.

AGUILERA, V. de A.; YIDA, V. Projeto ALiB: uma análise das respostas e das não-respostas de informantes das capitais. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v. 11, n. 2, p. 15-31, dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/2rADmlN.

AGUILERA, V. de A.; AMÂNCIO, R. G.; PAES, G. M. C. O conhecimento de mundo e a produção lexical na pesquisa geolingüística. In: SEMINÁRIO DO CENTRO DE ESTUDOS LINGÜÍSTICOS E LITERÁRIOS DO PARANÁ, 16., 2003, Londrina. Anais... Londrina: Eletrônica, 2003.

ARAGÃO, M. do S. S. de; MENEZES, C. P. B. de. Atlas Lingüístico da Paraíba. Brasília: Universidade Federal da Paraíba, 1984.

BRANDÃO, S. F. A Geografia Lingüística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.

CARDOSO, S. A. M. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola, 2010.

CARDOSO, S. A. M. et al. Atlas Linguístico do Brasil. Introdução. Londrina: Eduel, 2014a. v. 1.

CARDOSO, S. A. M. et al. Atlas Linguístico do Brasil. Cartas linguísticas 1. Londrina: Eduel, 2014b. v. 2.

CASTILHO, A. T. de. Rumos da dialetologia portuguesa. Alfa, n. 18/19, p. 115-153, 1972-1973.

COLLISCHONN, G. Epêntese vocálica e restrições de acento no português do Sul do Brasil. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v. 7, n. 1, p. 61-78, 2004. Disponível em: https://bit.ly/2I9NI7i.

COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. Atlas Lingüístico do Brasil: questionários 2001. Londrina: Ed. UEL, 2001.

COSERIU, E. A geografia lingüística. In: COSERIU, E. O homem e sua linguagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Presença, 1987. p. 79-116.

COUTINHO, I. de L. Pontos de gramática histórica. 6. ed. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1974.

DIÉGUES JR., M. Etnias e culturas no Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1980.

FAUSTO, B. História do Brasil. 14. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013. FERREIRA, C.; CARDOSO, S. A. M. A Dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.

FERREIRA, C. et al. Atlas Lingüístico de Sergipe. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1987.

FERREIRA, M. B. et al. Variação lingüística: perspectiva dialetológica. In: FARIA, I. H. et al. Introdução à Lingüística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho, 1996. p. 479-502.

GHOLMIE, M. R. S. O suarabácti no Brasil dos séculos XVII, XVIII e XIX – uma reflexão a partir dos corpora do LHisPB. Revista da ABRALIN, v. 16, n. 3, p. 485-502, jan./abr. 2017. Disponível em: https://bit.ly/2I8pCK1.

KAMI, J. G. da S.; AGUILERA, V. de A. Para um Atlas Lingüístico do Brasil: a construção dos questionários. In: SEMINÁRIO DE ESTUDOS LINGÜÍSTICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 51., 2002, São Paulo. Anais... São Paulo: GEL, 2002. Disponível em: https://bit.ly/2IAT5eW. Acesso em: 20 jun. 2017.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre e Carolina Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008 [1972]. LEE, S.-H. Epêntese no português. In: SEMINÁRIO DO GRUPO DE ESTUDOS LINGÜÍSTICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 41., 1993, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: Instituição Moura Lacerda, 1993. p. 847-854.

MOTA, J. Reflexões sobre a arte de fazer inquéritos lingüísticos. In: MOTA, J.; CARDOSO, S. A. M. (Org.). Documentos 2: Projeto Atlas Lingüístico do Brasil. Salvador: Quarteto, 2006. p. 239-259. MOTA, J.; CARDOSO, S. A. M. A construção de um Atlas Linguístico do Brasil: o percurso do ALiB. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v. 12, n. 1, p. 237-256, jul. 2009. Disponível em: https://bit.ly/2KUuIY3. Acesso em: 20 jun. 2017.

PONTES, I.; AGUILERA, V. de A. Questionário geolingüístico: uma proposta de reorientação metodológica. Estudos Lingüísticos, Bauru, v. 28, p. 238-244, 1999. POP, S. La dialectologie: aperçu historique et méthodes d’enquêtes linguistiques. Louvain: Université Catholique de Louvain, 1950. Disponível em: https://bit.ly/2wyGxjB. Acesso em: 19 jun. 2017.

RIBEIRO, J. et al. Esboço de um Atlas Lingüístico de Minas Gerais. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1977.

RODRÍGUEZ, A. M. Breve histórico da Geografia Lingüística. Philologus, Rio de Janeiro, a. 4, n. 10. p. 42-53, 1998.

ROSSI, N.; ISENSEE, D.; FERREIRA, C. Atlas prévio dos falares baianos. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1963.

TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.

Publicado

2018-05-30

Como Citar

YIDA, V.; GHOLMIE, M. R. S.; VASCONCELOS, C. A. Estratégias para a Obtenção de Respostas nos Inquéritos do ALiB: a questão 054 (aftosa) nas capitais do Centro-Oeste e Sudeste. Signum: Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 32–54, 2018. DOI: 10.5433/2237-4876.2018v21n1p32. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/30159. Acesso em: 1 maio. 2024.