Debret ou não? Estudo Físico-Químico de Gravuras do Museu Castro Maya
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0375.2025.v46.52860Palavras-chave:
Debret, gravuras, MA-XRF, FTIR, autenticaçãoResumo
Este estudo apresenta uma investigação físico-química de seis gravuras em aquarela atribuídas a Jean-Baptiste Debret, pertencentes ao acervo do Museu Castro Maya, no Rio de Janeiro. A autenticidade de diversas obras da coleção Debret do museu foi questionada, o que motivou a criação de uma comissão nacional que identificou 40 de 42 obras como falsificações. Com o objetivo de contribuir com a análise técnica dessas obras, foram aplicadas metodologias não invasivas - mapeamento por fluorescência de raios X (MA-XRF) e espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) - para investigar os pigmentos, aglutinantes e a composição das fibras do papel. Análises estatísticas multivariadas, utilizando análise de componentes principais (PCA) e componentes principais robusto (RPCA), foram conduzidas para identificar padrões químicos que diferenciassem obras autênticas daquelas de autoria desconhecida. Os resultados indicaram diferenças significativas entre as aquarelas consideradas autênticas e as de origem incerta, especialmente na distribuição e composição de aglutinantes e pigmentos. Embora tenham sido observadas semelhanças no uso do pigmento azul da Prússia, isso não foi suficiente para confirmar a autoria. O trabalho demonstra a relevância de métodos científicos na autenticação de obras de arte e reforça a importância de estudos interdisciplinares em acervos museológicos.
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