Caracterização genética de estoques de tambaqui de duas estações de piscicultura no baixo rio São Francisco
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n6Supl2p3323Palavras-chave:
ATPase, Colossoma macropomum, Região controle, Variabilidade genética.Resumo
A piscicultura tem ocupado um lugar de destaque na economia de muitas regiões do Brasil, e o tambaqui (Colossoma macropomum) se sobressai por ser uma das espécies nativas de peixes de água doce mais comercializadas do país. A diminuição da variabilidade genética pode afetar características como as taxas de reprodução e crescimento, bem como resistência a doenças e é de grande preocupação nesse ramo. Marcadores moleculares, como os genes do DNA mitocondrial, vem sendo cada vez mais utilizados para investigar a variabilidade genética em espécies de importância econômica. Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar a variabilidade genética de populações de tambaqui cultivados em duas pisciculturas (Itiúba, AL e Betume, SE) do baixo Rio São Francisco, utilizando a região controle e os genes da ATPase do DNA mitocondrial. O sequenciamento de amostras de progênies e reprodutores identificou 42 haplótipos (32 únicos). Destes, quatro haplótipos foram compartilhados entre as duas pisciculturas estudadas, o que é resultado de um efeito fundador, uma vez que indivíduos de Itiúba foram levados para compor o estoque da Estação de Piscicultura de Betume. A diversidade haplotípica foi alta em ambas as localidades. Análise de Variância Molecular (AMOVA) demonstrou maior variação genética dentro das populações (96.76%) do que entre elas (3.24%) e o valor de Fst (0.03) indicou pouca diferenciação genética entre as duas populações analisadas. A alta variabilidade genética encontrada pode ser explicada pelo número de reprodutores nas duas pisciculturas (200 em Itiúba e 1400 em Betume) e o manejo reprodutivo, que parece ser eficaz na manutenção da variabilidade de estoques.Downloads
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