Policy judicialization and democracy: the decriminalization of abortion until the third month of pregnancy

Authors

  • Jânio Pereira da Cunha Christus University Centre
  • Roberta Pessoa Moreira Christus University Centre

DOI:

https://doi.org/10.5433/2178-8189.2021v25n1p178

Keywords:

Judicialization of politics, Democracy, Habeas Corpus nº 124.306/2016, Federal Court of Justice,

Abstract

It investigates, in a descriptive and exploratory way, whether judicial decisions on sensitive and controversial issues compromise democracy and, if so, what are the reasons for democracy’s weakening condition. Bibliographic and documentary research on themes, such as abortion, judicialization of politics and its effects on democracy are examined. From an empirical standpoint, the object of study is Habeas Corpus nº 124.306/2016, specifically Minister Luís Roberto Barroso vote in the Brazilian Federal Court of Justice. This paper intends to obtain a pure and qualitative result on the theme, from the perspective that excessive judicialization of politics subverts the Constitution and disrespects popular sovereignty, since judges, not elected by the people, interpret, and rely on principles to make often discretionary and arbitrary decisions. This paper concludes that the Brazilian Federal Supreme Court, when granting the order in Habeas Corpus no. 124.306/2016, decriminalized a conduct objectively established by the Brazilian Criminal Code and disrespected a fundamental right, the right to life, protected by the Brazilian Federal Constitution. Such an act compromises the rules and legitimacy of democracy. Moreover, this study suggests that there needs to be greater dialogue between the three branches of government and more participation of the people to tackle complex questions, which depend on popular debate in order to be properly legitimized.

Author Biographies

Jânio Pereira da Cunha, Christus University Centre

Doctor in Constitutional Law by the University of Fortaleza. Professor at Christus University Centre.

Roberta Pessoa Moreira, Christus University Centre

Masters candidate in Law, access to justice, access to development by the Christus University Centre.

References

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2017.

ALVES, Fernando de Brito; MACHADO, Edinilson Donisete. Democracia e judicialização da política: problematizando as decisões judiciais sobre direitos sociais. Revista do Direito Público, Londrina, v. 11, n. 3, p. 13-46, dez. 2016. ISSN 1980-511X. DOI 10.5433/1980-511X.2016v11n3p13.

AURÉLIO, Diogo Pires. Regimes democráticos: virtualidades e contradições. In: NEVES, Maria do Céu Patrão; PINTO, António Costa; SOUSA, Luís de (coord.). Ética aplicada: política. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2018. p. 93-110.

BARROSO, Luís Roberto. A razão sem voto: o Supremo Tribunal Federal e o Governo da Maioria. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, DF, v. 5, n. esp., p. 24-50, 2015.

BELLO, Enzo; BERCOVICI, Gilberto; LIMA, Martonio Mont’Alverne. O fim das ilusões constitucionais de 1988? Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 1769-1811, 2019. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/ 37470/26483. Acesso em: 21 jan. 2020.

BERCOVICI, Gilberto; MONT'ALVERNE, Martonio. Separação de poderes e a constitucionalidade da PEC Nº 33/2011. Pensar: Revista de Ciências Jurídicas, Fortaleza, v. 18, n. 3, p. 785-801, 2014.

BERNARDI, Renato; PIEROBONS, Flávio. A constituição do Estado e da sociedade: uma análise da força normativa da constituição brasileira de 1988. Revista do Direito Público, Londrina, v. 9, n. 1, p. 55-72, 2014. DOI 10.5433/1980-511X.2014v9n1p55.

BICKEL, Alexander M. The least dangerous branch: the supreme court at the bar of politics. 2. ed. New Haven: Yale University Press, 1986.

BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. 9. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 21 jan. 2020.

BRASIL. Congresso Nacional. PEC 33/2011 Proposta de Emenda à Constituição. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2011. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=503667. Acesso em: 20 jan. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência da República, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 21 jan. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (1. Turma). Habeas Corpus 124.306 Rio de Janeiro. Direito Processual Penal. Habeas Corpus. Prisão Preventiva. Ausência dos Requisitos para sua Decretação. [...]. Pacte (s): Edilson dos Santos. Pacte (s): Rosemere Aparecida Ferreira. Impte (s): Jair Leite Pereira. Coator(a/s) (es): Superior Tribunal de Justiça. Redator do Acórdão: Min. Roberto Barroso. Relator: Min. Marco Aurélio, 9 de agosto de 2016, p. 1-49. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=311410567&ext=.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (Tribunal Pleno). Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 3510 DF. Constitucional. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei de Biossegurança. Impugnação em Bloco do Art. 5º da Lei Nº11.105, de 24 de março de 2005 (Lei de Biossegurança). Partes: Procurador-Geral da República, Presidente da República, Advogado-Geral da União, Congresso Nacional, Conectas Direitos Humanos, Centro de Direito Humanos - CDH, Eloisa Machado de Almeida e outros, Movimento em Prol da Vida - MOVITAE, Luís Roberto Barroso e outro, ANIS – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, Donne Pisco e outros, Joelson Dias, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Ives Gandra da Silva Martins e outros. Relator: Min. Ayres Britto, 29 de maio de 2008. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%283510%2ENUME%2E+OU+3510%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/y57utzcx. Acesso em: 29 jan. 2020.

CISNE, Mirla; OLIVEIRA, Giulia Maria Jenelle Cavalcante de; CASTRO, Viviane Vaz. Aborto inseguro: um retrato patriarcal e racializado da pobreza das mulheres. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 21, n. 3, p. 452-470, 2018.

CUNHA, Jânio Pereira da. Democracia e direito: o controle judicial de constitucionalidade da política. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019.
ELY, John Hart. Democracia e desconfiança: uma teoria do controle de constitucionalidade. Tradução de Juliana Lemos. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

GARCIA, Keyla Lacerda de Oliveira Magalhães. Comentários ao Habeas Corpus 124.306/2016: Decisão da primeira Turma do STF que considerou o aborto até o terceiro mês da gestação atípico. Conteúdo Jurídico, Brasília, DF, v. 3, p. 1-17, 2017.

GERVASONI, Tássia Aparecida; DIAS, Felipe da Veiga. Jurisdição constitucional e a questão do aborto a partir do HC 124.306/RJ. REI - Revista Estudos Institucionais, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 1280-1315, 2017.

GOMES, Juliana Cesário Alvim Gomes. Constitucionalismo popular, constitucionalismo popular mediado e constitucionalismo democrático: características, modelos e contribuições para o debate brasileiro. In: FILLET, André; NOVELINO, Marcelo (org.). Constitucionalismo e democracia. Salvador, Bahia: JusPodivm, 2013.

HIRSCHL, Ran. Towards juristocracy: the origins and consequences of the new constituonalism. Cambridge: Harvard University Press, 2004.

KRAMER, Larry. The people themselves: popular constitutionalism and judicial review. New York, NY: Oxford University Press, 2004.

LEITE, Glauco Salomão. Juristocracia e constitucionalismo democrático: do ativismo judicial ao diálogo constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017.

LIMA, Martonio Mont’Alverne B. Jurisdição constitucional: um problema da teoria da democracia política. In: SOUSA NETO, Cláudio Pereira de Souza; BERCOVICCI, Gilberto; MORAES FILHO, José Filomeno de; LIMA, Martonio Mont’Alverne B. (org.). Teoria da Constituição: estudos sobre o lugar da política no direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. p. 199-261.

LOPES FILHO, Juraci Mourão. Os precedentes judiciais no constitucionalismo brasileiro contemporâneo. Salvador: JusPodivm, 2016.

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Acesso à justiça: condicionantes legítimas e ilegítimas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

MAUS, Ingeborg. Judiciário como superego da sociedade: o papel da atividade jurisprudencial na “sociedade órfã”. Tradução de Martonio Lima e Paulo Albuquerque. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 58, p. 183-202, 2000.

MENDES, Sofia; CHIAPETA, Ana Paula Pessoa Brandão. Assertivas sobre a descriminalização e legalização da interrupção voluntária da gravidez no Brasil. Científica Univiçosa, Viçosa, v. 9, n. 1, p. 794-798, 2017.

MINAHIM, Maria Auxiliadora; ROCHA, Alexandre Sergio da. Aborto: entre autonomia e empatia. Revista Brasileira de Direito Animal, Salvador, BA, v. 12, n. 3, p. 17-37, 2017.

PACHECO, Thawana Alves. A democracia como fenômeno gerador de conflitos sociais e seus efeitos em um cenário de crise político-jurídica. In: CONGRESSO RONDONIENSE DE CARREIRAS JURÍDICAS, 1., 2017, Porto Velho. Anais [...]. Porto Velho: Faculdade Católica de Rondônia - FCR, 2017. p. 4-17.

ROCHA, José de Albuquerque. Súmula vinculante e democracia. São Paulo: Atlas, 2009.

ROSAS, João Cardoso; THALER, Mathias; GONZÁLEZ, Iñigo. Filosofia política. In: GALVÃO, Pedro (org.). Filosofia: uma introdução por disciplinas. São Paulo: Edições 70, 2018. p. 175-213.

SABOIA, Jéssica Ramos. A atuação política do Supremo Tribunal Federal e a (in)compatibilidade com a democracia brasileira. Revista de Direito Brasileira, São Paulo, v. 19, n. 8, p. 335-347, 2018.

SCHMITT, Carl. O guardião da Constituição. Tradução de Geraldo de Carvalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.

STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em julgamentos: uma radiografia do STF. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

STRECK, Lenio Luiz. O aborto e o explícito ativismo judicial. In: TORON, Alberto Zacharias (org.). Decisões controversas do STF: direito constitucional em casos. Rio de Janeiro: Forense, 2020. p. 221-230.

TAVARES, André Ramos. Teoria da justiça constitucional. São Paulo: Saraiva, 2005.

TUSHNET, Mark. Taking the constitution away from the courts. Princeton: Princeton University Press, 2000.

VALLINDER, Tobjörn. A judicialização da política: um fenômeno mundial. In: VALLINDER, Torbjörn; HIRSCHL, Ran; FEREJOHN, John; NEWELL, James L.; MOREIRA, Luiz; GARDBAUM, Stephen; GRIFFIN, Stephen; KREIDE, M. Regina. Judicialização da política. Tradução de Adauto Villela. São Paulo: 22 Editorial, 2012. p. 12-25.

VIEIRA, Oscar Vilhena. A batalha dos poderes: da transição democrática ao mal-estar constitucional. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
VIEIRA, Oscar Vilhena. Supremocracia. Revista Direito GV, São Paulo, v. 4, p. 441-464, 2008.

WALDRON, Jeremy. A essência da oposição ao Judicial Review. Tradução de Adauto Villela e Geraldo de Carvalho. In: BIGONHA, Antônio Carlos Alpino; MOREIRA, Luiz (org.). Legitimidade da jurisdição constitucional. Rio de Janeiro: Associação Nacional dos Procuradores da República, 2010. p. 93-157.

WALDRON, Jeremy. Law and disagreement. Oxford: Oxford University Press, 2004.

WANG, Daniel W. Liang. Introdução. In: WANG, Daniel W. Liang (org.). Constituição e política na democracia: aproximação entre Direito e Ciência Política. São Paulo: Marcial Pons, 2013. p. 11-22.

Published

2021-03-31

How to Cite

Cunha, J. P. da, & Moreira, R. P. (2021). Policy judicialization and democracy: the decriminalization of abortion until the third month of pregnancy. Scientia Iuris, 25(1), 178–199. https://doi.org/10.5433/2178-8189.2021v25n1p178

Issue

Section

Artigos