Desafios para as pessoas com deficiência visual no acesso à informação digital

Autores

  • Karolina Vieira da Silva Bastos Universidade de Brasília - UnB
  • Ivette Kafure Muñoz Universidade de Brasília - UnB
  • Patrícia Neves Raposo Universidade de Brasília - UnB

DOI:

https://doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p277

Palavras-chave:

Acessibilidade digital, Deficiência visual, Estudo de usuários, Tecnologia assistiva

Resumo

Introdução: Este artigo apresenta estudo sobre a interação entre a pessoa com deficiência visual e a informação no ambiente digital.
Objetivo: Identificar os desafios de acesso à informação enfrentados pelas pessoas com deficiência visual na interação com os ambientes informacionais digitais.
Método: Estudo de natureza descritiva, utiliza como abordagem metodológica o método misto, por meio do método de pesquisa levantamento, com técnica de entrevista semiestruturada. A amostra da pesquisa é composta por 52 pessoas com deficiência visual, constituindo-se de alunos e funcionários do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais e usuários e funcionários da Biblioteca Braille Dorina Nowill.
Resultados:  Os resultados da pesquisa mostram que a inserção dos recursos digitais na vida da pessoa com deficiência visual possibilita ter acesso a mais informações, de maneira rápida e atualizada, com independência e autonomia. Todavia, dificuldades de acesso também são identificadas: dificuldades de acessibilidade nas páginas web, incompatibilidade entre softwares, desconhecimento e inexperiência dos usuários no uso dos recursos digitais e da Internet; e necessidade de conscientizar e encorajar os desenvolvedores no envolvimento e consideração aos usuários com deficiência ao implementar recursos de acessibilidade.
Conclusões: Constata-se a importância do acesso à informação digital na vida da pessoa com deficiência visual, entretanto devido as diversas barreiras de acesso ainda impostas, demonstra-se a importância de se conhecer as suas especificidades e demandas antes de lhes oferecer tecnologias e serviços para que a informação no ambiente digital se torne cada vez mais acessível e inclusiva.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Karolina Vieira da Silva Bastos, Universidade de Brasília - UnB

Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília - UnB

Ivette Kafure Muñoz, Universidade de Brasília - UnB

Doutora em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília - UnB

Patrícia Neves Raposo, Universidade de Brasília - UnB

Mestre em Educação pela Universidade de Brasília - UnB

Referências

ADLER, P. A.; ADLER, P. The epistemology of numbers. In: BAKER, S. E.; EDWARDS, R. How many qualitative interviews is enough? Expert voices and early career reflections on sampling and cases in qualitative research. Discussion Paper. NCRM. 2012. p. 8-11. Disponível em: http://eprints.ncrm.ac.uk/2273/4/how_many_interviews.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019.

ARAUJO, C. A. Á. Paradigma social nos estudos de usuários da informação: abordagem interacionista. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 22, n. 1, p. 145-159, jan./abr. 2012.

BABBIE, E. Métodos de pesquisas de survey. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

BHATTACHERJEE, A. Social science research: principles, methods, and practices. Book 3. 2012.

BRASIL. Decreto nº 3.298, 20 de dezembro de 1999. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 dez. 1999. Seção 1, p. 66. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=21/12/1999&jornal=1&pagina=66&totalArquivos=111. Acesso em: 23 dez. 2019.

BRASIL. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 3 dez. 2004. Seção 1, p. 5. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=03/12/2004&jornal=1&pagina=5&totalArquivos=192. Acesso em: 20 dez. 2019.

BRASIL. Departamento de Governo Eletrônico. eMAG: Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico. Versão 3.1. abr. 2014. Disponível em: http://emag.governoeletronico.gov.br/. Acesso em: 19 dez. 2019.

BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, ano 138, n. 244-E, 20 dez. 2000. Seção 1, p. 2. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=20/12/2000&jornal=1&pagina=2&totalArquivos=304. Acesso em: 19 dez. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: deficiência visual. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2001. v. 1 fascículos I – II – III. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/def_visual_1.pdf. Acesso em: 12 dez. 2019.

CASELLI, B. C. A. Acesso à informação digital por portadores de necessidades especiais visuais: estudo de caso do Telecentro Acessível de Taguatinga. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar conhecimento, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: SENAC, 2003.

CONDE, A. J. M. Definindo a cegueira e a visão subnormal. 2012. Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?itemid=94. Acesso em: 11 dez. 2019.

CRESWELL, J. W. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2014.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

CUNHA, M.,B.; AMARAL, S. A.; DANTAS, E. B. Manual de estudo de usuários da informação. São Paulo: Atlas, 2015

DERVIN, B. ; NILAN, M. Information needs and uses. In: WILLIAMS, M. Annual Review of Information Science and Technology, White Plains, NY, v. 21. p. 3-33, 1986. Disponível em: https://comminfo.rutgers.edu/~tefko/Courses/612/Articles/zennezdervinnilan86arist.pdf. Acesso em: 19 dez. 2019.

FAÇANHA, A. R. Uma proposta para acessibilidade visual e táctil em dispositivos touchscreen. 2012. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.

FAÇANHA, A. R.; VIANA, W. ; PEQUENO, M. C. Estudo de interfaces acessíveis para usuários com deficiência visual em dispositivos móveis touchscreen. Nuevas Ideas en Informática Educativa, Santiago de Chile, v. 7, p. 144-149, 2011. Disponível em: http://www.tise.cl/volumen7/TISE2011/Documento18.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.

FIGUEIREDO, N. M. Avaliação de coleções e estudo de usuários. Brasília: Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979.

FIGUEIREDO, N. M. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília: IBICT, 1994.

GODBOLD, N. Beyond information seeking: towards a general model of information behaviour. Information Research, v. 11, n. 4, jul. 2006. Disponível em: http://www.informationr.net/ir/11-4/paper269.html. Acesso em: 14 dez. 2019.

INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Os conceitos de deficiência: as diversas definições. 2005. Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?catid=83&itemid=396. Acesso em: 12 dez. 2019.

KADE, A.; NASCIMENTO, G. S.; SALTON, B. P.; POTAPCZUK, D. O. ; SOARES, F. S. ; ALMEIDA, J. P. ; NERVIS, L.; MORO, R. Acessibilidade virtual. In: SONZA, A. P.; KADE, A.; FAÇANHA, A.; REZENDE, A. L. A.; NASCIMENTO, G. S. ; ROSITO, M. C.; BORTOLINI, S.; FERNANDES, W. L. Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs. Bento Gonçalves, RS: Instituto Federal do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves, 2013. p. 313-364 (Série Novos Autores da Educação Profissional e Tecnológica, cap. 5). Disponível em: http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/acessibilidade-tecnologiaassistiva%20(texto%20complementar).pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.

KAUARK, F. S.; MANHÃES, F. C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da pesquisa: um guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.

KULPA, C. C. A contribuição de uma modelo de cores na usabilidade das interfaces computacionais para usuários de baixa visão. 2009. Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

MALHEIROS, T. M. C. Necessidade de informação do usuário com deficiência visual: um estudo de caso da biblioteca digital e sonora da Universidade de Brasília. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 1991.

MENG EE, W.; LIIBY, C. School, family and other influences on assistive technology use: access and challenges for students with visual impairment in Singapore. British Journal of Visual Impairment, v. 29, n. 2, p. 130-144, may 2011.

MILES, M. B.; HUBERMAN, A. M. Qualitative data analysis: a sourcebook of new methods. 2nd. ed. Thousand Oaks: Sage, 1994.

PINSONNEAULT, A.; KRAEMER, K. L. Survey research methodology in management information systems: an assessment. Journal of Management Information Systems, v. 10, n. 2, p. 75-105, sep. 1993.

POLINA, L.; SILVA, V. L. R. R. Avaliação da acuidade visual em alunos do ensino fundamental e suas implicações pedagógicas: os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Cadernos PDE, Paraná, 2013.

ROCHA, J. A. P. (In)acessibilidade na web para pessoa com deficiência visual: um estudo de usuários à luz da cognição situada. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Ferderal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.

SÁ, E. D.; CAMPOS, I. M.; SILVA, M. B. C. Inclusão escolar de alunos cegos e com baixa visão. In: SÁ, E. D.; CAMPOS, I. M.; SILVA, M. B. C. Formação continuada a distância de professores para o atendimento educacional especializado: deficiência visual. Brasília: SEEP/ SEED/ MEC, 2007. p. 13-38. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodología da la investigación. México: McGraw-Hill, 1991.

SILVA, K. V. A inclusão digital e as dificuldades do acesso à informação para pessoas com deficiência visual. 2010. Monografia (Bacharel em Biblioteconomia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

SONZA, A. P.; FAÇANHA, A.; FÉO, F.; PAGANI, J.; GATTO, J.; MACHADO, M. A. S.; MAIA, N.; CAINELLI, R.; FERNANDES, W. L. Tecnologia assistiva e software educativo. In: SONZA, A. P.; KADE, A.; FAÇANHA, A.; REZENDE, A. L. A.; NASCIMENTO, G. S.; ROSITO, M. C.; BORTOLINI, S.; FERNANDES, W. L. Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão sociodigital de pessoas com necessidades especiais. Bento Gonçalves: Instituto Federal do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves, 2013. (Série Novos Autores da Educação Profissional e Tecnológica, cap. 4, p. 199-312). Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1wtpwN4govndQFhGOYwtHnCVZ3bCegrJ0/view. Acesso em: 19 dez. 2019.

SONZA, A. P. Ambientes virtuais acessíveis sob a perspectiva de usuários com limitação visual. 2008. Tese (Doutorado em Informática na Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.

TORRES, E. F.; MAZZONI, A. A.; ALVES, J. B. M. A acessibilidade à informação no espaço digital. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 3, p. 83-91, set./dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v31n3/a09v31n3.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.

TUOMINEN, K.; TALJA, S.; SAVOLAINEN, R.. The social constructionist viewpoint on information practices. In: FISCHER, K. E.; ERDELEZ, S.; McKECHNIE, L. Theories of information behaviour. Medford: Information Today, 2005. Disponível em: http://migre.me/vjg4a. Acesso em: 22 dez. 2019.

VITORINI, É. F. Uso da linguagem documentária na busca da informação em bibliotecas universitárias: a perspectiva dos deficientes visuais. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista, Marília, 2015.

VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas V: fundamentos de defectologia. Madrid: Visor, 1997.

WILSON, T. Alfred Schutz, phenomenology and research methodology for information behaviour research. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON INFORMATION SEEKING IN CONTEXT, 4., 2002, Lisboa. Anais [...]. Lisboa: Universidade Lusíada, 2002.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 10th rev. Version 2016. Disponível em: http://apps.who.int/classifications/icd10/browse/2016/en#/H54. Acesso em: 20 dez. 2019.

WORLD WIDE WEB CONSORTIUM. Introduction to web accessibility. 2019a. Disponível em: https://www.w3.org/WAI/intro/accessibility.php. Acesso em: 14 ago. 2018.

WORLD WIDE WEB CONSORTIUM. Web Accessibility Initiative (WAI). 2019b. Disponível em: https://www.w3.org/WAI/. Acesso em: 19 dez. 2019.

WORLD WIDE WEB CONSORTIUM. Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0. 2008. Disponível em: https://www.w3.org/TR/WCAG20/. Acesso em: 20 dez. 2019.

WORLD WIDE WEB CONSORTIUM. Web Content Accessibility Guidelines 1.0. 1999. Disponível em: https://www.w3.org/TR/WCAG10/. Acesso em: 14 dez. 2019.

ZAPPAROLI, M; KLEIN, F; MOREIRA, H. Avaliação da acuidade visual Snellen. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia. São Paulo, v. 72, n. 6, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abo/v72n6/08.pdf. Acesso em: 22 dez. 2019.

Downloads

Publicado

2020-07-02

Como Citar

Bastos, K. V. da S., Kafure Muñoz, I., & Raposo, P. N. (2020). Desafios para as pessoas com deficiência visual no acesso à informação digital. Informação & Informação, 25(2), 277–301. https://doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p277

Edição

Seção

Artigos