Ensinar história na favela
a Maré em três tempos
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30n1p057-080Palavras-chave:
Ensino de história, Maré, interdisciplinaridade, formação docente, territórioResumo
O presente texto propõe analisar a construção coletiva do planejamento de uma oficina intitulada "Maré em três tempos", realizada em turmas do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública localizada no Complexo da Maré, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Vinculada a um projeto que promove a parceria entre o ensino básico e superior, a atividade buscou uma abordagem interdisciplinar entre Ciências e História a partir das relações histórico-ambientais entre a Maré e a Baía de Guanabara. Esse enfoque, articulando diferentes áreas do conhecimento, privilegia uma compreensão sistêmica do mundo que é atravessado por disputas de força e poder. Nossa análise centra-se nos múltiplos deslocamentos que tal ação provoca ao ensino de História e seu respectivo currículo, bem como a formação inicial e continuada de professores. Observamos que ainda há barreiras a serem enfrentadas para uma efetiva prática interdisciplinar e que valorize o território. Dentre elas, destacamos o modelo engessado de educação, a hegemonia da divisão disciplinar do conhecimento escolar e a desvalorização do docente manifestada na sobrecarga de trabalho. No entanto, há possibilidades de interseção e interação entre as disciplinas.
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