Ações “instituintes” nas escolas organizadas em ciclos e a política de avaliação na disciplina de história na rede municipal de Niterói (RJ)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p201-225

Palavras-chave:

avaliação, currículo, história escolar, ciclos de escolarização, planejamento

Resumo

O artigo objetiva problematizar como as “ações instituintes” dos professores, contextualizadas no “chão das escolas” da rede pública municipal de educação de Niterói, município do estado do Rio de Janeiro, podem ser contributivas para a formulação de políticas de avaliação. Focalizando a disciplina de História como estudo de caso, o artigo visa enunciar uma sistematização da prática docente
e, assim, contribuir com a construção de uma epistemologia da prática escolar. Quando nos referirmos às ações “instituintes”, estaremos enunciando o trabalho prático docente. Outros termos também serão agregados ao longo da discussão, como
projetos “instituintes”, que dizem respeito aos planejamentos dos docentes. Já as políticas “instituintes” referem-se às estratégias oficiais da rede de Niterói, estratégias estas que se coadunam não apenas com a valorização dos saberes docentes, mas,
também, com a própria implementação dos ciclos neste contexto específico. Em relação aos ciclos de escolarização, podemos afirmar que eles vão além de uma mera organização do tempo escolar, pois pressupõem estratégias pedagógicas, entre elas a interdisciplinaridade, avaliações contínuas do trabalho pedagógico, entre outros aspectos. As fontes documentais foram documentos normativos curriculares da rede pública municipal de Niterói e os projetos “instituintes” de autoria dos professores dessa rede. Operamos com uma metodologia histórico-documental, com foco em uma abordagem discursiva por meio do trabalho teórico de Michel Foucault, especialmente em perspectiva arqueológica. Os resultados ou achados da investigação foram indicativos de que as práticas docentes vêm produzindo alternativas para a ruptura com os processos de assujeitamentos; quanto à disciplina de História, constatouse que os saberes e as práticas docentes podem contribuir para a desestabilização de certos discursos e práticas curriculares hegemônicas, apontando na direção de valores a serem socialmente compartilhados, para além dos conteúdos tradicionais da
História, intermediados pela negociação de sentidos entre lógicas avaliativas distintas (somativa e continuada).

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Biografia do Autor

Maria de Fátima Barbosa Pires, Fundação Municipal de Educação de Niterói (RJ) -FME-NITERÓI/RJ

[1] Doutora em Educação pela UFRJ. Professora da rede municipal de Educação de Niterói (RJ). E-mail: piresmfb@gmail.com

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Pires, M. de F. B. (2022). Ações “instituintes” nas escolas organizadas em ciclos e a política de avaliação na disciplina de história na rede municipal de Niterói (RJ). História & Ensino, 28(1), 201–225. https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p201-225

Edição

Seção

Dossiê - Avaliação das aprendizagens em História: Práticas, Teorias e Políticas