Avaliação do ensino de história em lugar de fronteira
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p179-200Palavras-chave:
ensino de história, avaliação, saberes docentesResumo
O artigo pretende analisar a prática da avaliação no ensino de História a
partir da categoria de lugar de fronteira, sugerida por Ana Maria Monteiro e Fernando
Penna. Pretendemos sugerir como essa categoria se apresenta frutífera para refletir
também sobre esse aspecto específico do amplo campo de saberes e práticas do
ensino de História. Assim, examinamos o espaço conflitivo que se estabelece entre as
avaliações externas/testes padronizados e a prática de ensino de História na educação
básica –tensões, negociações e adaptações que se produzem na prática docente a partir
dessas demandas. Por outro lado, propostas de avaliação democráticas se apresentam
como um espaço permanente de investigação e desenvolvimento de conhecimentos, a
partir do encontro de diferentes saberes prévios de alunos e professores. No ensino de
História, isso pode implicar numa avaliação que supere as ainda presentes dinâmicas
da memorização e da leitura mecânica de textos. Por fim, concluímos reconhecendo a
importância do aprofundamento de pesquisas sobre avaliação em História que levem
em conta os saberes dos professores de História, na perspectiva sugerida por Maurice
Tardif.
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