Interferência das variantes do português europeu e brasileiro no uso de clíticos por aprendizes de PLE
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2023v23n3p237-254Palavras-chave:
clíticos, variantes do português, ensino de PLEResumo
Este artigo apresenta os resultados de um estudo sobre o uso de clíticos em produções escritas de aprendizes de português como língua estrangeira (PLE) cuja língua materna (L1) era o italiano. Os objetivos principais foram dois: identificação do padrão de uso dos clíticos pelos aprendizes — se do português europeu (PE) ou do português brasileiro (PB) —, tendo em consideração a sua autoidentificação como falantes da variante brasileira; identificação das possíveis dificuldades no uso desses pronomes pelos aprendizes. A partir da análise de 10.020 palavras em 24 textos, 92 ocorrências de clíticos foram encontradas. Dessas, 44% foram de pronomes enclíticos, categorizados como o padrão preferencial de uso do PE, seguidas por 23% de pronomes proclíticos, classificados como o padrão de uso default para o PB, e 33% de pronomes proclíticos em ocorrência de atratores de próclise, cujo uso é vigente em ambas as variantes do português. Dado o número significativo de pronomes proclíticos por proclisador, o que os dados mostraram foram ocorrências de ambas as variáveis do português no uso de clíticos, mas não a predominância de uma sobre a outra. Além disso, os pronomes que divergiram tanto dos padrões de uso do PE e do PB tiveram como causa a falha dos aprendizes em perceber os atratores da próclise. Duas hipóteses foram sugeridas para explicar os resultados encontrados: estágio do desenvolvimento da interlíngua e interferência do sistema de uso de clíticos da L1 dos aprendizes. Além disso, os dados nos permitiram refletir sobre uma possível causa adicional das dificuldades de alunos de PLE em adquirir os clíticos do português, i.e., a diversidade de input, ilustradas nas formas das variedades europeia e brasileira, a que são expostos.
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