Porosidades claricianas: intertextualidade e interdiscurso no filme “O livro dos prazeres”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2023v23n4p45-67

Palavras-chave:

intertextualidade, interdiscurso, cinema, Clarice Lispector

Resumo

A adaptação de uma obra literária para o cinema não se refere apenas à transposição dos elementos do texto escrito para a linguagem fílmica, mas pode dialogar com inscrições anteriores, indiciando um movimento intertextual. É o que ocorre com a obra de Clarice Lispector em uma de suas adaptações para o cinema. A partir da análise do discurso pecheutiana, o objetivo deste estudo é investigar os movimentos intertextuais e interdiscursivos no filme “O livro dos prazeres”, dirigido por Marcela Lordy, em 2020, livre adaptação da obra de Lispector, “Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres”, publicada originalmente em 1969. Assim, o conceito de interdiscurso possibilita uma compreensão desse processo para além da presença de um texto em outro, como apreendido pela intertextualidade. O fio interdiscursivo, no filme, possibilita a recuperação de uma memória discursiva que permite a essa adaptação fazer sentido, ampliando as possibilidades interpretativas para além do tradicional sentido de adaptação da literatura para o cinema.

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Biografia do Autor

Fabio Scorsolini-Comin, Universidade de São Paulo

Professor da Universidade de São Paulo (USP). Psicólogo, Mestre e Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Soraya Maria Romano Pacífico, Universidade de São Paulo

Professora Associada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

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Publicado

31-12-2023

Como Citar

SCORSOLINI-COMIN, F.; PACÍFICO, S. M. R. Porosidades claricianas: intertextualidade e interdiscurso no filme “O livro dos prazeres”. Entretextos, Londrina, v. 23, n. 4, p. 45–67, 2023. DOI: 10.5433/1519-5392.2023v23n4p45-67. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/48286. Acesso em: 30 abr. 2024.

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