As telas e os professores de história: memórias de audiência sobre a crise política brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-9126.2020v14n26p7Palavras-chave:
Televisão, Memórias de audiência, Professores de históri, Crise políticaResumo
Este artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla - baseada na história oral temática (ALBERTI, 2005) e no mapeamento de assistência (BARBERO, 2001) - sobre as trajetórias da audiência televisiva de um grupo de professores de história, cuja geração (SIRINELLI, 2006) acompanhou a popularização da televisão no país. As entrevistas foram realizadas entre os anos de 2015/2016, num conturbado contexto, tangenciado por uma grave crise política que desembocou no golpe parlamentar que depôs a presidente Dilma Rousseff. O recorte desse trabalho contempla as memórias de audiência dessa recepção mais recente, em que o tempo presente dessa crise política era imediatamente vivenciado como história através dos noticiários da grande mídia e, em particular, pelas telas da televisão. Os professores foram abordados na pesquisa como pertencentes a um grupo qualificado de apropriação midiática (Orozco, 2014) a partir do universo de compartilhamento de seu habitus profissional (BOURDIEU,1990). Na análise das narrativas ficou evidente o caráter culturalizado da recepção do grupo, em especial, pelo crivo formativo do conhecimento histórico como ciência. Sobressaíram-se nesta direção, memórias marcadas pelo domínio de um sentido temporal denso e problematizador, num nítido exercício de busca por inteligibilidade frente à massificação, a imediatez e a efemeridade das notícias. Nas rememorações, as experiências subjetivas seguiram ao lado de uma reiterada crítica a elementos dominantes próprios do discurso telejornalístico, em particular, aqueles voltados para a sua perspectiva cognitiva (veracidade) e ética (isenção).
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