O “Álbum dos Bandoleiros” da Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul: disputa simbólica, fotografia e enquadramento da memória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-9126.2022v16n30p273

Palavras-chave:

, Fotografia, História Política, Álbum dos Bandoleiros, Revolução de 1923

Resumo

O presente artigo analisa o “Álbum dos Bandoleiros”, álbum fotográfico impresso com imagens e textos sobre a chamada Revolução de 1923. A guerra civil ocorreu no estado do Rio Grande do Sul e colocou em confronto os legalistas do Partido Republicano Rio-Grandense e os rebeldes vinculados a uma frente unificada de oposicionistas. O artefato político-visual insere-se em um contexto de disputa simbólica entre os dois lados e objetivou construir uma determinada leitura sobre os acontecimentos e personagens do conflito armado, contribuindo para o enquadramento da memória e perpetuação de uma versão positiva sobre os fatos ocorridos e, principalmente, sobre quem eram os afamados “bandoleiros”. A partir da problematização de imagens, textos e legendas pretende-se compreender quais foram os principais temas abordados e quais eram os objetivos e sentidos em selecionar, excluir, lembrar e esquecer determinadas personalidades, episódios e narrativas.

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Biografia do Autor

Rodrigo Lavalhos Dal Forno, Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Graduado em História pela Universidade Federal de Pelotas (2012), Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2015) e Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2020).  Possuí interesse e experiência de pesquisa nas áreas de História Política, História Social da Política, História do Brasil Republicano, Primeira República e Era Vargas, História do Rio Grande do Sul, imagem e poder, elites e partidos políticos. 

Referências

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Fontes visuais

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Publicado

2022-06-01

Como Citar

Dal Forno, R. L. (2022). O “Álbum dos Bandoleiros” da Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul: disputa simbólica, fotografia e enquadramento da memória. Domínios Da Imagem, 16(30), 273–322. https://doi.org/10.5433/2237-9126.2022v16n30p273