O sagrado pão da memória é o corpo negro
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p195Palavras-chave:
Memória, Ancestralidade, Performance, Escrevivência, Literatura negro-brasileiraResumo
O objetivo deste artigo é propor uma leitura do conto “O Sagrado Pão dos Filhos” (2016), de Conceição Evaristo, destacando de que maneira, por meio da personagem Andina Magnólia, as experiências de negritude, reafirmadas por meio da escrevivência, traduzem traços de um tempo da ancestralidade e a potência da língua. A hipótese levantada em nossa análise é a de que no corpo e por meio do corpo (corpo da escrita e corpo feminino negro) colocado em performance há o efeito de retorno de temporalidades e possibilidades de transfiguração de sentidos, rearranjo da memória e da história. Para fundamentar nossa leitura, nos valemos de estudiosos da performance dos corpos negros no tempo e no espaço, tais como Lélia Gonzales, Leda Maria Martins e Edimilson de Almeida Pereira. Concluímos que o conto de Evaristo se constrói por meio de uma linguagem que reinaugura a narrativa fundacional do mito da multiplicação cristã.
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