Inscritura e escrevivência em "Os corpos e Obá contemporânea" (2005), de Helena do Sul
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p114Palavras-chave:
Literatura afro-feminina, Inscritura, Escrevivência, Helena do SulResumo
A literatura brasileira, sobretudo a canônica, tem historicamente relegado as personagens negras femininas a estereótipos limitantes, como a mucama servil ou a mulata hipersexualizada. Essas representações não contemplam a complexidade das experiências das mulheres negras, que, desde o período de escravização, sustentam suas famílias enquanto enfrentam formas persistentes de exploração e opressão. No entanto, ao se apropriarem da escrita, essas mulheres ressignificam suas histórias e constroem narrativas que rompem com imagens cristalizadas e reafirmam identidades plurais. A novela social Os corpos e Obá contemporânea (2005), de Helena do Sul, insere-se nesse contexto ao abordar o trabalho, o corpo e a ancestralidade como elementos centrais da experiência feminina negra. A obra articula memórias laborais, experiências de violência e resistência coletiva, evidenciando a escrita como espaço de transgressão e emancipação, conforme argumentam Conceição Evaristo (2007; 2010; 2020) e Ana Rita Santiago (2012). Nesse sentido, a noção de inscritura (Quadros, 2023) reforça a escrita como prática insurgente, onde o corpo negro feminino não apenas narra, mas se inscreve na materialidade do texto. Assim, a literatura afro-brasileira se afirma como campo de engajamento identitário e político, tensionando estruturas de poder e promovendo novas formas de existência e narratividade para as mulheres negras.
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Referências
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