A identidade narrativa fragmentária no Bildungsroman De onde eles vêm, de Jeferson Tenório
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p101Palavras-chave:
identidade narrativa, Bildungsroman, Jeferson Tenório, De onde eles vêmResumo
Segmentos da opinião pública têm condenado o identitarismo por este entender o sujeito como fragmentário. A noção de que as identidades são fragmentadas está fundamentada em um longo percurso teórico. Ela tem encontrado em Paul Ricœur uma demonstração que supera as negações da subjetividade, sobretudo através da identidade narrativa. O si-mesmo constitui sua identidade narrando-se a partir de múltiplas intrigas. O Bildungsroman sempre foi uma demonstração da identidade narrativa, mas que assumiu deliberadamente essa possibilidade ao se assumir identitário. As novas narrativas de formação mostram como identidades fragmentadas se constituem como discurso. Elas podem, assim, representar grupos reconhecidos pela raça, pelo gênero, pela classe social, entre outros. O Bildungsroman assume as formas da narrativa engajada, sobretudo através de modalidades do retorno do autor. Jeferson Tenório exemplifica possibilidades de um Bildungsroman ser identitário em De onde eles vêm, no qual apresenta o que poderia ser um novo grupo, o de cotistas universitários. Predominam no romance as tendências da educação sentimental e da formação como artista, apontando pequenos aspectos (mesmidades) que tornam ser cotista uma identidade. Um narrador-protagonista engajado fala de si através de aspectos que não são totalizadores, mas que o fragmentam e indicam a mobilidade de suas identidades (ipseidades).
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