Sexualidades “invertidas” e transgressoras: Bom-Crioulo e o determinismo no naturalismo brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2021v40p127Palavras-chave:
Bom-Crioulo, Naturalismo, “Inversão”.Resumo
O objetivo do presente artigo é, primeiramente, reunir algumas visões da historiografia literária brasileira, acerca da obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha (1991 [1895]). A despeito da polêmica que o cercou, quando da sua publicação, o romance é visto com um dos pioneiros, em língua portuguesa, no tratamento do homoerotismo. Nossa hipótese principal é a centralidade da temática da sexualidade, compondo um trágico triângulo amoroso marcado tanto por avanços – herói negro, romance interracial, denúncia dos castigos físicos na marinha, quanto por retrocessos, ou permanências – insistência numa postura ativa (tipo masculino, como Amaro) versus passiva (tipo feminino, como o jovem grumete Aleixo). Assim, a obra embaralha os gêneros (Amaro – Aleixo – Carolina), para em seguinda sustentar certos essencialismos ao demarcar tipos masculinos e femininos. Tal postura é condizente com o arcabouço teórico científico da época, base do ideário naturalista, presente no pensamento de Sigmund Freud, aqui sintetizado. Nas chamadas “inversões”, assim como nos conceitos de “pulsão” e “libido”, teorizados por Freud, ecoam as descobertas de Charles Darwin.
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