Uma metáfora do masculino: paternidade e luto em 'Crocodilo', de Javier A. Contreras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2021v40p89

Palavras-chave:

Paternidade, Luto, Masculinidades, Literatura brasileira contemporânea

Resumo

O presente artigo objetiva a análise das representações da paternidade e do luto no romance Crocodilo, do escritor baiano-chileno Javier Arancibia Contreras. Publicado em 2019, Crocodilo narra os processos de luto de Ruy, um jornalista renomado, depois da morte de seu filho único Pedro, decorrente de um suicídio. Devastado pela dor, e abandonando a esposa Marta, mãe de Pedro, Ruy inicia uma investigação simultaneamente pragmática e existencial, na tentativa de compreender as motivações do filho. Nesta busca, realizada nos sete dias posteriores à morte de Pedro, Ruy descobre-se a si mesmo e reflete constantemente sobre a paternidade, questionando profundamente este papel. Sendo assim, a partir dos pressupostos teóricos de Sigmund Freud (2011), André Victor Machado (2019), Sócrates Nolasco (1993) e Maria Júlia Kovács (1992), entre outros, pretende-se analisar os sentidos de paternidade experimentados por Ruy, que manifestam-se na diegese a partir da elaboração gradual do luto, por parte do narrador.

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Biografia do Autor

Claudimar Pereira Silva, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP, campus de Araraquara

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), campus de Araraquara.

Jorge Vicente Valentim, Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR

Doutorado em Letras (Literatura Portuguesa, 2004) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor da  Universidade Federal de São Carlos, SP, Brasil. 

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Publicado

20-09-2021

Como Citar

SILVA, C. P.; VALENTIM, J. V. Uma metáfora do masculino: paternidade e luto em ’Crocodilo’, de Javier A. Contreras. Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, [S. l.], v. 40, p. 89–101, 2021. DOI: 10.5433/1678-2054.2021v40p89. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/terraroxa/article/view/43492. Acesso em: 28 mar. 2024.