Notas sobre o contínuo lexical no português amazônico

uma discussão preambular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-4876.2024v27n3p32-49

Palavras-chave:

Contínuo lexical, Português amazônico, Espaços da natureza, Léxico difuso, Léxico focalizado

Resumo

Com base nas concepções de contínuo dialetal (Berruto, 2010; Trudgill; Hernández Campoy, 2007) e de contínuo de urbanização (Bortoni-Ricardo, 2004), propomos neste artigo o conceito de contínuo lexical a partir de dados do português falado nos estados do Amapá e Tocantins, ambos situados na região amazônica brasileira. Trata-se de uma proposta inicial que se fundamenta
principalmente na nova classificação do IBGE entre áreas urbanas, rurais e de natureza. A partir dessa recategorização, que consideramos mais adequada para delimitar as variedades amazônicas, identificamos traços lexicais (contínuos e descontínuos) com base nos seguintes estudos: Atlas Linguístico do Amapá (Razky; Ribeiro; Sanches, 2017), Mapeamento Lexical do Português falado pelos Wajãpi no Estado do Amapá (Rodrigues, 2017), Atlas Linguístico dos
Karipuna do Amapá (Sanches, 2020) e Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Estado de Tocantins (Silva, 2018). Especificamente, analisamos as designações para o mamífero marsupial conhecido como gambá (léxico difuso) ou como mucura (léxico focalizado).

Downloads

Biografia do Autor

Greize Alves da Silva, Universidade Federal do Tocantins

Mestrado (2010) e doutorado (2018) em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Docente do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras), da Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Tocantins, Brasil. 

Romário Duarte Sanches, Universidade Federal do Amapá

Mestrado (2015) e doutorado (2020) em Letras (Linguística) pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É Professor Adjunto da Universidade Federal do Amapá, atuando no curso de Licenciatura em Letras-Português, e como Professor visitante no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Tocantins, Brasil.

Referências

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. Migrações e contatos linguísticos na perspectiva da Geolinguística Pluridimensional e Contatual. Revista de Letras Norte@mentos, Sinop, MT, v. 6, n. 12, p. 31-52, jul./dez. 2013. DOI: https://doi.org/10.30681/rln.v6i12.6876 DOI: https://doi.org/10.30681/rln.v6i12.6876

ANDRADE, Rosemary Ferreira. Migração no Amapá: projeção espacial num contexto de crescimento populacional. Belém: NAEA, 2005.

BAGNO, Marcos. Dicionário crítico de sociolinguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.

BERRUTO, Gaetano. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT, Jürgen Erich (ed.). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Theories and methods. Berlin: De Gruyter Mouton, 2010. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110220278 DOI: https://doi.org/10.1515/9783110220278

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.

BRASIL, Marília Carvalho. Os fluxos migratórios na região norte nas décadas de 70 e 80: uma análise exploratória. Caderno de Estudos Sociais, Recife, v. 13, p. 61-84, jan./jun. 1997.

BRITO, Fausto. Brasil, final do século: a transição para um novo padrão migratório. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 12., 2000, Caxambu, MG. Anais [...]. Caxambu: ABEP, 2000. v. 1, p. 1-44.

CAVALCANTE, Ivana; KIMURA, Simone. Mapeamento do patrimônio cultural do estado do Tocantins. In: CAVALCANTE, Ivana; KIMURA, Simone (org.). Vivências e sentidos: o patrimônio cultural do Tocantins. Goiânia: Iphan, 2008. p. 90-159.

COELHO, Izete L.; GÖRSKI, Edair M.; SOUZA, Cezarina Maria Nobre de; MAY, G. H. Para conhecer Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2015.

GUEDES, Regis José da Cunha. Estudo geossociolinguístico da variação lexical na zona rural do estado do Pará. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Letras e Comunicação, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, 2012.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss eletrônico. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss: Objetiva, 2009.

IBGE. Coordenação de Geografia. Proposta metodológica para classificação dos espaços do rural, do urbano e da natureza no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102019. Acesso em 27 jun. 2024.

IBGE. Estados. Tocantins. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/panorama. Acesso em: 20 out. 2017.

IBGE. Metodologia do censo demográfico de 2010. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. Acompanha 1 CD-ROM. (Série relatórios metodológicos, v. 41).

JAKOB, Alberto Augusto Eichman. A migração internacional recente na Amazônia brasileira. REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, Brasília, DF, v. 23, n. 45, p. 249-271, jul./dec. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/JVQM3sggXyBWrrf8jxX4CPh/?lang=pt. Acesso em: 27 jun. 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-8585250319880004513

NÚMERO de novos imigrantes cresce 24,4% no Brasil em dez anos. Agência Brasil, Brasília, 7 dez. 2021. Geral. Notícia. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-12/numero-de-novos-imigrantes-cresce-244-no-brasil-em-dez-anos. Acesso em: 24 jun. 2024.

NUNES FILHO, Edinaldo Pinheiro. Formação histórica, econômica, social, política e cultural do Amapá: descrição e análise do processo de formação histórica do Amapá. In: OLIVEIRA, Augusto; RODRIGUES, Randolfe (org.). Amazônia, Amapá: escritos de história. Belém: Paka-Tatu, 2009. p. 211-234.

RAMALHO, Hilton Martins de Brito; FIGUEIREDO, Erik Alencar de; SILVA NETTO JÚNIOR, José Luís da. Determinantes das migrações interestaduais no Brasil: evidências a partir de um modelo gravitacional. Pesquisa e planejamento econômico, Rio de Janeiro, RJ, v. 46, n. 1, abr. 2016.

RAZKY, Abdelhak; RIBEIRO, Celeste Maria da Rocha; SANCHES, Romário Duarte. Atlas linguístico do Amapá. São Paulo: Labrador, 2017.

RAZKY, Abdelhak; SANCHES, Romário Duarte. Variação geossocial do item lexical riacho/córrego nas capitais brasileiras. Gragoatá, Niterói, RJ, n. 40, p. 70-89, 2016. DOI: https://doi.org/10.22409/gragoata.v21i40.33375

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

RODRIGUES, Maria Doraci Guedes. Mapeamento lexical do português falado pelos Wajãpi no estado do Amapá: uma abordagem geossociolinguística. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal do Pará, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10235. Acesso em: 22 jun. 2024.

SANCHES, Romário Duarte; RAZKY, Abdelhak. Análise geossociolinguística das designações para fanhoso nas capitais brasileiras. DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 37, n. 2, p. 1-22, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/delta/a/4NH4NzT46FHNHLXXh8c68Kt/abstract/?lang=pt. Acesso em: 22 jun. 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-460x202143836

SANCHES. Romário Duarte. Atlas linguísticos dos Karipuna do Amapá. Rio Branco: NEPAN, 2020.

SILVA, Greize Alves da. Atlas linguístico topodinâmico e topoestático do Estado do Tocantins (ALITTETO). 2018. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) - Universidade Estadual de Londrina, PR, Londrina, 2018. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000218332. Acesso em: 22 jun. 2024.

SILVA, Greize Alves da; BORGES, Patrícia Andréa. Presença vs ausência de traços de ruralidade no léxico tocantinense. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 72, p. 83–105, 2019. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/157030. Acesso em: 27 jun. 2024. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i72p83-105

SILVA, Leonardo Luiz Silveira; MARQUES, Renato de Oliveira. O papel das cidades-gêmeas da região norte brasileira na articulação do comércio exterior. Caderno de Geografia, Belo Horizonte, MG, v. 30, n. 60, 2020. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/20743. Acesso em: 15 maio 2024. DOI: https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2020v30nesp60p128-151

SILVA-COSTA, Daniela de Souza; ISQUERDO, Aparecida Negri. Um estudo etnolinguístico de designativos para “gambá” no Brasil Central: contribuições do Projeto ALiB. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 779-792, maio/ago. 2012. Disponível em: https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1196. Acesso em: 24 jun. 2024.

SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. A questão cidade-campo: perspectivas a partir da cidade. In: SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão; WHITACKER, Arthur Magon (org.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006. v. 2, p. 111-130. (Geografia em movimento).

TRUDGILL, Peter; HERNÁNDEZ COMPOY, Juan M. Diccionario de sociolinguística. Madrid: Gredos Editorial, 2007.

Publicado

2024-12-30

Como Citar

SILVA, Greize Alves da; SANCHES, Romário Duarte. Notas sobre o contínuo lexical no português amazônico: uma discussão preambular. Signum: Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 27, n. 3, p. 32–49, 2024. DOI: 10.5433/2237-4876.2024v27n3p32-49. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/50914. Acesso em: 31 mar. 2025.