A Pesquisa Geolinguística em Áreas Indígenas Brasileiras: desafios e estratégias

Autores

  • Abdelhak Razky Universidade Federal do Pará/Universidade de Brasilia
  • Regis José da Cunha Guedes Universidade Federal do Pará
  • Eliane Oliveira da Costa Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-4876.2018v21n1p126

Palavras-chave:

Pesquisa Geolinguística, Geossociolinguística, Áreas Indígenas

Resumo

Este artigo reflete sobre questões teórico-metodológicas envolvidas no eixo de pesquisa Atlas Linguístico do Português em Áreas Indígenas (ALiPAI) do projeto GeoLinTerm coordenado por Abdelhak Razky, na UFPA/UnB. Os primeiros resultados do ALiPAI fazem parte da tese de doutoramento de Guedes (2017), que mapeou o perfil geossociolinguístico do português em contato com línguas tupí-guaraní em áreas indígenas do Pará e Maranhão. As primeiras experiências na pesquisa de campo geolinguística em áreas indígenas brasileiras proporcionaram uma confluência de metodologias de pesquisa, especialmente da Geossociolinguística (RAZKY, 1998), da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (THUN, 1998) e da Linguística Antropológica (RODRIGUES; CABRAL, 2012). Foram selecionados dez colaboradores em cada um dos cinco pontos de inquérito investigados (Suruí Aikewára, Asuriní do Tocantins, Tembé, Guajajára e Guaraní Mbyá). Foram aplicados os questionários desenvolvidos pelo Comitê Nacional do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB: Questionário Fonético-Fonológico (QFF) e Questionário Semântico Lexical (QSL). A aplicação dos questionários foi adaptada, com a inclusão da solicitação da correspondência em língua indígena para cada umas das respostas obtidas em português. Além desses, foram aplicados um QFF Complementar e um Questionário Sociolinguístico. O artigo reflete também sobre as adaptações necessárias realizadas na metodologia da pesquisa geolinguística, para dar conta das características geossociolinguísticas das comunidades-alvo do ALiPAI.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Abdelhak Razky, Universidade Federal do Pará/Universidade de Brasilia

Possui graduação em Língua e Literatura Inglesa - Université Hassan II Casablanca (1986), mestrado em Linguística - Université de Toulouse Le Mirail (1988), doutorado em Linguística - Université de Toulouse Le Mirail (1992) e pós-doutorado - Université de Toulouse Le Mirail (2003). Atualmente é professor associado nível 4 no Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET) da Universidade de Brasília (UnB), pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (PPGL-UFPA) e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - Nível 2. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística, geografia linguística, dialetologia, socioterminologia e ensino aprendizagem de línguas estrangeiras e políticas linguísticas, atuando principalmente nos seguintes temas: sociolinguística, geografia linguística, variação fonética e lexical, socioterminologia, ensino aprendizagem de línguas estrangeiras e tratamento estatístico de dados linguísticos. É diretor científico do projeto Atlas Linguístico do Brasil e líder do grupo de pesquisa Geossociolinguística e socioterminologia (http://geolinterm.com.br). arazky@gmail.com.

Regis José da Cunha Guedes, Universidade Federal do Pará

Possui Doutorado em letras (Estudos Linguísticos) pelo PPGL/UFPA (2017), Mestrado em
possui graduação em Letras (Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Pará –
UFPA (2007), Especialização em Língua e Literatura Portuguesa - (PPGL/UFPA)
(2009), Mestrado Acadêmico em Letras (Estudos Linguísticos) pelo PPGL/UFPA (2012), Doutorado Acadêmico em Letras (Estudos Linguísticos) - PPGL/UFPA (2017).
Atualmente é professor adjunto no Curso de Letras da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus de Tomé-Açu. Tem experiência da área de Linguística, com ênfase em Dialetologia, Geografia linguística e Sociolinguística. É coordenador do projeto Geossociolinguística dos Falares Amazônicos (GeoFala). Atua como pesquisador no grupo GeoLinTerm (PPGL/UFPA), nos projetos: ALiPAI - Atlas Linguístico do Português em Áreas Indígenas; ALeSPA – Atlas Léxico Sonoro do Pará; ASLIB - Atlas Linguístico Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil e ALiB - Atlas Linguístico do Brasil (UFBA). regisbspaz@gmail.com

Eliane Oliveira da Costa, Universidade Federal do Pará

Possui graduação em Letras, Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Pará (2009) e Mestrado em Linguística (2012) pela mesma Universidade. Atualmente é doutoranda em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-graduação em Letras da UFPA. Desenvolve pesquisa na área de geossociolinguística no projeto GeoLinTerm (PPGL/UFPA), nos subprojetos Mapeamento Geossociolinguístico do Português em Áreas Indígenas do Pará e Maranhão; ALiB - Atlas Linguístico do Brasil (Região Norte) e ASLIB - Atlas Linguístico Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil. elianecosta21@yahoo.com.br

Referências

ATLAS UNESCO de las lenguas del mundo en peligro. 2011. Disponível em: https://bit.ly/1JVCiLM. Acesso em: 15 ago. 2016.

CABRAL, A. S. A. C.; NEGREIROS, D. A.; SIMÃO, R. N. Relatório sobre a pesquisa realizada na Terra Indígena Trocará com vistas à caracterização da situação de Vitalidade da Língua Asuriní do Tocantins. 2006. (Relatório de Pesquisa).

CARVALHO, M. G. P. Sinais de morte ou de vitalidade? Mudanças estruturais na língua Tembé. 2001. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Pará, Belém.

COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALIB. Atlas Lingüístico do Brasil: questionários 2001. Londrina: Ed. UEL, 2001.

GUEDES, R. J. C. Estudo geossociolinguístico da variação lexical na zona Rural do estado do Pará. 2012. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Pará, Belém.

LARAIA, R. de B.; MATTA, R. da. Índios e Castanheiros: a empresa extrativa e os índios no médio Tocantins. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1967.

LOPES, J. D. Uma interface da documentação linguística e modelos lexicográficos para línguas indígenas brasileiras: uma proposta para o Suruí-aikewára. 2014. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Brasília, Brasília.

MARGOTTI, F. W. Difusão sócio-geográfica do português em contato com o italiano no Sul do Brasil. 2004. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

RADTKE, E.; THUN, H. Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Eine Bilanz. In: RADTKE; E.; THUN, H. (Ed.). Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Akten des Symposiums zur empirischen Dialektologie. Kiel: WestenseeVerl., 1996. p. 1-24.

RAZKY, A. O Atlas geo-sociolingüístico do Pará: abordagem metodológica. In: AGUILERA, V. de A. (Org). A Geolingüística no Brasil: caminhos e perspectivas. Londrina: Ed. UEL, 1998. p. 155-164.

RAZKY, A.; GUEDES, R. J. C. Le continuum des regroupements lexicaux dans l’atlas géosociolinguistique du Pará. Revista Géoliguistique, n. 15, p. 149-162, 2015. RODRIGUES, A. D. Os cenários da chegada da língua portuguesa. In: CARDOSO, S. A. M.; MOTA, J. A.; MATTOS E SILVA, R. V. Quinhentos anos de história lingüística do Brasil.

RODRIGUES, A. D.; CABRAL, A. S. A. C. Tupían. In: CAMPBELL, L.; GRONDONA, V. (Org.). The indigenous languages of South America. Berlin; Boston: Mouton de Gruyter, 2012. v. 2. p. 495-574.

SILVA, T. F. da. História da língua tenetehára: contribuição aos estudos histórico-comparativos sobre a diversificação da família linguística tupi-guarani do tronco tupí. 2010. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Brasília, Brasília.

Publicado

2018-05-30

Como Citar

RAZKY, Abdelhak; GUEDES, Regis José da Cunha; COSTA, Eliane Oliveira da. A Pesquisa Geolinguística em Áreas Indígenas Brasileiras: desafios e estratégias. Signum: Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 126–138, 2018. DOI: 10.5433/2237-4876.2018v21n1p126. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/30107. Acesso em: 25 dez. 2024.