Colocação pronominal à luz da Sociolinguística Educacional: o caso proclítico em gêneros textuais da esfera cotidiana
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0383.2022v43n1p85Palavras-chave:
Sociolinguística Educacional, Ensino de Língua Portuguesa, Colocação pronominal, Norma Culta do Português BrasileiroResumo
A adequação aos casos de ênclise no Português Brasileiro, doravante citado PB, tem demonstrado assumir uma mudança proclítica mesmo diante de contextos que requerem o uso do pronome na forma enclítica. Fato este demonstrado por estudos, como os de Mattos e Silva (2004), e Vieira (2013), que se detêm à referida ‘mudança linguística’. O caso da colocação pronominal passa pelo regimento da normativa canônica, imposta pela gramática do século XVI, que culmina em unidades didáticas distantes da realidade linguística dos discentes (BORTONI-RICARDO, 2005; FARACO, 2008). O artigo ampara-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Educacional e na Pedagogia da Variação Linguística (FARACO, 2008; VIEIRA, 2019). Isso posto, este texto científico, motivado pela problemática citada, visa, em uma perspectiva geral, analisar se existe vitalidade à próclise, mesóclise e ênclise em textos da Norma Culta do PB em distintos gêneros textuais. Para tanto, os objetivos específicos consistem em: (i) verificar a colocação pronominal em textos conforme os gêneros Artigo de Opinião, Charge, Entrevista, Notícia, Propaganda e Tirinha; (ii) investigar se existe elevada produtividade à colocação pronominal em contexto de próclise; (iii) expor os resultados obtidos em gráficos; e (iv) apresentar uma proposta de unidade didática tendo a colocação e a mudança pronominal do PB como eixo norteador. Em razão a alcançar aos objetivos postos, a metodologia do artigo consiste na pesquisa de natureza quali-quantitativa descritiva, em que se considera a posição de pronomes clíticos átonos em 60 textos, distribuídos conforme seis gêneros textuais. Os resultados indicaram a predileção ao uso da próclise nos gêneros: Entrevista, Artigo de Opinião e Tirinha. Outrossim, nós verificamos que a ocorrência da mesóclise se apresenta nula nos gêneros textuais com as seguintes tipologias: informativa, opinativa e interpretativa.
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