Da eleição à queda: memórias e narrativas de um impeachment
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0383.2022v43n1p71Palavras-chave:
Memórias, Narrativas, Crise constitucional, Impeachment.Resumo
As narrativas e memórias pertencem à escrita da História e, assim como possibilitam entendê-la, também permitem compreender momentos de crise no percurso histórico como um todo. A partir desta perspectiva, este estudo, utilizando-se do método de abordagem hipotético-dedutivo e a técnica da pesquisa bibliográfica, busca compreender como a narrativa baseada no impeachment da presidente Dilma Rousseff revela crises e viradas históricas, bem como a memória, a política e o direito estão intimamente ligados às construções da memória e da própria narrativa. Para isso, foram utilizadas como fontes de pesquisas notícias de três periódicos online – G1, Agência da Câmara e Agência Pública – entre os meses de dezembro de 2015 e agosto de 2016. Em termos de referências metodológicas, seguiu-se a terceira geração da Escola dos Annales, especialmente na etapa que compreende a fragmentação e a expansão da historiografia para o público leitor, usualmente denominadas de Nova História ou História Cultural. Não obstante, para dar sentido a esta análise, utilizou-se a base teórica e o conceito de Walter Benjamin, envolvendo a relação entre narrativa como experiência, e a construção do conceito de crise constitucional e declínio constitucional de Jack M. Balkin e, finalmente, como estabelecê-la nas construções das demandas por reparação, reconhecimento e transformação política no âmbito das transições, demonstradas nas lições de alguns autores que abordam a temática, como, por exemplo, Armin von Bogdandy e Renáta Uitz.
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