Divórcio, fim ou recomeço? Avaliações e percepções frente às Oficinas de Parentalidade
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0383.2021v42n1p99Palavras-chave:
Divórcio, Parentalidade, Relações familiares, Relações pais-filhoResumo
No decorrer dos processos de divórcio/dissolução conjugal, os genitores podem apresentar dificuldades em dissociar parentalidade de conjugalidade, envolvendo os filhos em seus embates, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. Pensando nisso, em 8 de maio de 2014 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Recomendação 050/14, orientou aos tribunais do País a adotarem as Oficinas de Parentalidade como política pública de resolução e prevenção de conflitos familiares. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva verificar as avaliações e percepções imediatas dos genitores que participaram das Oficinas de Parentalidade em um município do Triângulo Mineiro (Minas Gerais, Brasil). Trata-se de um estudo de corte transversal amparado na abordagem mista de pesquisa que contou com a participação de 78 genitores. Dados quantitativos foram descritos em porcentagens e qualitativos foram analisados via técnica de análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que, na opinião dos genitores, as Oficinas de Parentalidade constituíram-se como um importante espaço de reflexão, auxiliando-os a melhorar suas relações familiares, ainda que o conflito conjugal e a culpabilização do ex-parceiro continue preponderando para alguns participantes. Enquanto uma política pública as Oficinas de Parentalidade demostram que o divórcio não significa o fim das relações familiares, mas sim um recomeçDownloads
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