O perigo da leitura literária: questões para o campo da psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0383.2019v40n1p77Palavras-chave:
Psicanálise, Literatura, Leitura, Sublimação, Metapsicologia.Resumo
Partindo de um cenário composto por ilustrações sobre o perigo da leitura no campo do imaginário social, este artigo, que se insere na interface entre a psicanálise e a literatura, pretende destacar questões sobre os efeitos da leitura literária. De natureza teórica, o presente trabalho apoia-se em considerações da crítica literária, por um lado, e, na metapsicologia freudiana, por outro. No campo da crítica literária, autores como Jauss e Iser, que enfatizam a recepção estética e os efeitos do texto, sustentam a nossa hipótese de que a obra literária convoca o leitor para uma participação criativa durante a leitura. No campo da psicanálise, Freud ampara a nossa suposição de que o efeito estético também pode ser pensado a partir da problemática da sublimação. Considerando a implicação da sublimação a partir de consequências benfazejas e iatrogênicas da criação literária, questionamos se a leitura serviria como remédio ou veneno para o leitor.Downloads
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