Potencial antimicrobiano de jurema preta e umburana, espécies nativas do bioma caatinga, frente a isolados de Staphylococcus provenientes de casos de mastite em pequenos ruminantes
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n5supl1p2231Palavras-chave:
Atividade antibacteriana, Caprinovinocultura, Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett, Mastite, Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.Resumo
A mastite é responsável por danos à saúde animal e prejuízos financeiros ao produtor. Na busca por alternativas eficazes no controle da mastite, destacam-se os produtos naturais extraídos de diversas plantas que possuem ação antibacteriana. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial antimicrobiano in vitro do extrato etanólico de duas espécies do bioma caatinga frente a bactérias isoladas de casos de mastite subclínica em pequenos ruminantes. As folhas de jurema preta e umburana de cambão foram secas e processadas para obtenção dos extratos etanólicos bruto para o estudo da composição fenólica. Foram utilizados 33 isolados de Staphylococcus spp. provenientes da bacterioteca do Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos do IF SERTÃO-PE. Com os isolados de Staphylococcus spp. realizou-se a análise de quantificação da produção de biofilme. Além disso, empregou-se o teste de sensibilidade antimicrobiana, utilizando-se a técnica da concentração bactericida mínima (CBM) frente aos dois extratos etanólicos. Para conhecer o potencial tóxico, utilizou-se o teste de toxicidade com Artemia salina. A análise de quantificação dos compostos fenólicos demonstrou que os extratos etanólicos de jurema preta e umburana de cambão apresentaram a miricetina em quantidades bastante elevadas, 43,2 e 294,9 mg em 10 g respectivamente, em relação aos demais compostos detectados. Na pesquisa do gene nuc, observou-se uma positividade de 39,4%. A análise da produção de biofilme revelou que 96,9% dos isolados apresentaram a capacidade de produção do biofilme, evidenciando a evolução destes micro-organismos quanto ao desenvolvimento de mecanismos de resistência. Os resultados referentes à concentração bactericida mínima indicaram uma faixa de inibição entre 195,30 a 3125,00 e 781,20 a 6250,00 µg mL-1 para os extratos de jurema preta e umburana de cambão, respectivamente. Observou-se maior atividade para o extrato de jurema preta, que inibiu 100% dos isolados bacterianos (n=26), enquanto o extrato de umburana de cambão apresentou um percentual de inibição de 69,23%. Evidenciou-se a atividade tóxica do extrato etanólico bruto (EEB) de jurema preta, que apresentou uma DL50 de 118,35 µg mL-1. Por outro lado, o EEB de umburana de cambão apresentou-se como atóxico (DL50 = 1527,43 µg mL-1). Considerando que as duas espécies nativas da caatinga apresentaram atividade antibacteriana e que a miricetina foi o composto majoritário, tem-se a possibilidade de desenvolvimento de novas linhas de investigação, visando a obtenção produtos antimastíticos à base de extrato natural.Downloads
Referências
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