Violação da boa-fé objetiva e sua implicação na responsabilidade civil: um novo dano extrapatrimonial?
Palavras-chave:
princípios negociais; boa-fé objetiva; responsabilidade civil; novos danos.Resumo
Sugere-se a possibilidade de reconhecimento de um novo dano extrapatrimonial em face da violação da boa-fé objetiva, por meio dos princípios negociais contemporâneos e suas implicações na responsabilidade civil. Para isso, é necessário pesquisar o prejuízo causado por esse dano na esfera material e imaterial, assim como as diferentes interpretações adotadas pelo intérprete do Direito sobre o dano extrapatrimonial. A partir disso, é possível chegar a uma subdivisão deste dano em “novos danos”, desde que haja um interesse merecedor de proteção. Essa ideia é justificada na concepção contemporânea da autonomia negocial, que observa o abandono do enfoque estrutural em favor de um exame funcional. Ancorado no método hipotético-dedutivo, permite-se investigar essa cláusula aberta como um princípio jurídico, classificando-o como um novo dano a ser ressarcido.
Downloads
Referências
AMARAL, Ana Claudia Correa Zuin Mattos do. Responsabilidade civil pela perda da chance: natureza jurídica e quantificação do dano. Curitiba: Juruá, 2015.
AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 6. ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
ANDRADE, André Gustavo Corrêa de. A evolução do conceito de dano moral. In: COUTO, Antonio; SLAIBI FILHO, Nagib; ALVES, Geraldo Magela (org.). A responsabilidade civil e o fato social no século XXI. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Responsabilidade pré-contratual no CDC: Estudo comparativo com a responsabilidade pré-contratual no direito comum. In: Revista Direito do Consumidor n.18. São Paulo: RT, 1992.
BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. Trad. Daniela Beccaccia Versiani. Barueri: Manole, 2007.
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. São Paulo: Edipro, 2011.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n. 387. Segunda Seção, em 26.8.2009, DJe 1º.9.2009, ed. 430. Disponível em: https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2013_35_capSumula387.pdf. Acesso em: 7 mar. 2023.
CORRÊA, Daniel Marinho. AMARAL, Ana Claudia Correa Zuin Mattos do. Diálogo das Fontes: Análise Acerca da (In)Aplicabilidade das Normas Relativas ao Plano da Validade dos Negócios Jurídicos aos Contratos Eletrônicos. Cadernos Do Programa De Pós-Graduação Em Direito – PPGDir./UFRGS, 17(1), 2022, p. 151–174.
CORRÊA, Daniel Marinho. Danos extrapatrimoniais: interfaces entre prevenção e quantificação. Londrina, PR: Thoth, 2021.
COSTA, Judith Hofmeister Martins. A Boa-fé no Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
COSTA, Judith Hofmeister Martins. Notas sobre o princípio da função social do contrato. Revista Literária de Direito, São Paulo, n.37, p.17-21, ago./set. 2004.
COSTA, Judith Hofmeister Martins. O novo código civil brasileiro: em busca da “ética da situação”. Diretrizes teóricas do novo código civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002.
COSTA, Pedro de Oliveira. Apontamentos para uma visão abrangente da função social dos contratos. In: TEPEDINO, Gustavo (Org.). Obrigações: estudos sob a perspectiva civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
DICKSTEIN, Marcelo. A boa-fé objetiva na modificação tácita da relação jurídica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva, 2011.
GALLO, Paolo. Pene private e responsabilità civile. Milano: Giuffrè, 1996.
KONDER, Carlos Nelson. A constitucionalização do processo de qualificação dos contratos no ordenamento jurídico brasileiro. 2009. Tese (Doutorado em Direito Civil) – Faculdade de Direito, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
ITÁLIA. Corte di Cassazione. Sentenza n. 500/1999. 26 marzo-22 luglio 1999. Presidente Zucconi Galli Fonseca; Relatore Preden; Pm Dettori - ricorrente Comune di Fiesole - controricorrente Vitali. Disponível em: http://www.avvocaturastato.it/files//file/rassegna-stampa/1999/luglio-dicembre1999.txt Acesso em: 7 mar. 2023.
MARQUES, Cláudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção dos vulneráveis. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
NALIN, Paulo Roberto Ribeiro. Ética e boa-fé no adimplemento contratual. In: Repensando Fundamentos do Direito Civil Contemporâneo. Coord. Luiz Edson Fachin. 2ª tiragem. Rio de Janeiro-São Paulo: Renovar, 2000.
NONET, Philippe; SELZNICK Philip. Direito e sociedade: a transição ao sistema jurídico responsivo. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2010.
PERLINGIERI, Pietro. Manuale di diritto civile. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 2005.
REALE, Miguel. A teoria tridimensional do Direito. Lisboa: Imprensa Nacional: Casa da Moeda, 2003.
ROSENVALD, Nelson. As funções da responsabilidade civil. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2017a. E-book.
ROSENVALD, Nelson. Dignidade humana e boa-fé. São Paulo: Saraiva, 2005.
ROSENVALD, Nelson. O Direito Civil em Movimento: desafios contemporâneos. Salvador: Juspodivm, 2017b.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil: contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
SCHREIBER, Anderson. Novos paradigmas da responsabilidade civil: da erosão dos filtros da reparação à diluição dos danos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SCHREIBER, Anderson. O princípio da boa-fé objetiva no Direito de Família. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Família e Dignidade Humana. V Congresso Brasileiro de Direito de Família. São Paulo: IOB Thomson, 2006.
SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. A boa-fé e a violação positiva do contrato. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
SPADAFORA, Antonio. La regola contrattuale tra autonomia privata e canone di buona fede: prospettive di diritto europeo dei contratti e di diritto interno. Torino: G. Giappichelli Editore, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Daniel Marinho Corrêa, Rita de Cássia Resquetti Tarifa Espolador, Ana Cláudia Corrêa Zuin Mattos do Amaral
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, permitido o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho em linha (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação. As provas finais não serão encaminhadas aos autores. Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista, ficando sua reimpressão total ou parcial sujeita a autorização expressa da revista. Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Scientia Iuris. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.