Aspectos machistas na organização do conhecimento: a representação da mulher em instrumentos documentários
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2017v22n2p166Palavras-chave:
Organização do Conhecimento, Gênero, Mulher, Tesauros, Regras de CatalogaçãoResumo
Introdução: Abordar o tema mulher justifica-se pela forma como esse assunto tem desencadeado transformações que precisam ser compreendidas pela Organização do Conhecimento (OC), envolvendo tanto o aspecto temático quanto descritivo. A investigação não pode estar desvinculada do contexto social, pois os limites e as definições acerca do tema não são fixos e indefiníveis e necessita de discussões. Objetivos: Consiste na análise de descritores (nos tesauros) e de regras (no AACR2r) que suscitem a indicação de representações machistas, pois se torna imprescindível que profissionais tenham olhar crítico sobre o uso dos referidos instrumentos. Metodologia: Analisa a representação com foco na mulher, em três diferentes instrumentos: o Tesauro para Estudos de Gênero e Sobre Mulheres (TEG), o Tesauro Jurídico do Superior Tribunal de Justiça (TJ STJ) e o Anglo American Cataloguing Rules, 2ª edição (AACR2r). Para averiguar o que se propõe, a sistematização do referencial teórico consiste no delineamento sobre OC, a mulher e os instrumentos. Resultados: As análises demonstram posturas machistas nos recortes investigados, permitindo constatar a necessidade de revisão dos três instrumentos, demandando atualização dos conceitos para que os descritores e as regras mantenham-se coerentes com a (re)configuração social livre de preconceito. Conclusões: Se o processo de representação for imbuído de preconceitos, tanto pelo fato do instrumento não ser atualizado ou por desconhecimento em relação ao domínio gênero, o impacto surtirá efeito negativo no público usuário.
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