Teoria barroca da organização do conhecimento: Emanuele tesauro e o espelho turvo das tensões entre epistemologia, metodologia e sociedade
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2017v22n2p11Palavras-chave:
Emanuele Tesauro, Epistemologia da Organização do Conhecimento, Teoria Barroca, Epistemologia Histórica, Filosofia da LinguagemResumo
Introdução: A proposta do estudo é discutir os pressupostos epistemológico-históricos da Organização do Conhecimento, compreendida aqui como um coletivo de ações intersubjetivas dedicadas à representação e à apropriação de saberes no plano da linguagem, a partir do pensamento e da obra de Emanuele Tesauro. O horizonte do trabalho é a identificação de elementos que colocam em discussão as dimensões e tensões entre epistemologia, metodologia e sociedade, a partir de uma teoria barroca da organização e representação dos saberes. Objetivos: O objetivo geral está em um plano teórico direcionado à compreensão das fronteiras que problematizam as relações entre as dinâmicas epistemológicas, aplicadas e sociopolíticas, que reencontram a teorização de Emanuele Tesauro tecida no século XVII. Metodologia: Trata-se de uma reflexão teórica, baseada em um estudo epistemológico-histórico, que procura reconhecer, discutir e relacionar as ideias presentes na teorização de Emanuele Tesauro no século XVII com a os desafios contemporâneos da Organização do Conhecimento. Resultados: A abordagem barroca de Tesauro, demarcada em seu espaço-tempo, e interpretada sob os dilemas contemporâneos da Organização do Conhecimento, demonstra sua atualidade para a reflexão sobre os regimes, as políticas e a economia política das práticas de representação do conhecimento. A abertura pragmática e semiótica do pensamento de Tesauro se apresenta, pois, como ferramenta teórica central para as discussões contemporâneas na epistemologia da Organização do Conhecimento, principalmente nos planos social e cultural. Conclusões: O estudo demonstra, a partir de Emanuele Tesauro, sob a influência aristotélica, uma base sólida, no plano teórico e no plano aplicado, de construção de uma argumentação sobre o simbólico para a Organização do Conhecimento.
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