O assunto “classificação” na literatura brasileira de Ciência da Informação: uma análise nos anais do ENANCIB (2003-2014)

Autores

  • Walter Moreira Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Filosofia e Ciências, Departamento de Ciência da Informação, Câmpus de Marília http://orcid.org/0000-0001-9454-441X
  • Isabela Santana de Moraes Universidade Estadual Paulista (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n1p226

Palavras-chave:

Organização do Conhecimento, Classificação, Análise de Citação, Bibliometria

Resumo

Introdução: A teoria da classificação tem sido utilizada como fundamento para a compreensão dos sistemas de organização do conhecimento. Desse modo, é importante analisar e compreender como os estudos sobre classificação se configuram na ciência da informação brasileira, analisando-se sua institucionalização. Objetivos: a) identificar os autores com a presença mais consolidada no ENANCIB; b) verificar as relações entre os autores citantes e seus referenciais teórico-bibliográficos; c) identificar os termos mais recorrentes e sua relação com conteúdos de outras áreas ou outros subcampos da ciência da informação. Metodologia: Analisaram-se os trabalhos publicados nos anais do ENANCIB pelo GT-2, no período 2003 a 2014 (n=350). Utilizou-se como estratégia de busca a verificação da ocorrência da expressão truncada “classif*” em títulos e palavras-chave. Desse modo, 42 artigos foram selecionados para a composição do corpus de análise, do qual extraiu-se a amostra composta por 21 trabalhos que foram publicados pelos cinco investigadores mais produtivos. Foram analisadas também as referências bibliográficas utilizadas por este grupo, construindo-se a rede de citação. Resultados: Verificou-se que há uma elite forte e atuante relativamente ao desenvolvimento da temática “classificação” no GT-2. Metade dos trabalhos identificados como relacionados a esta temática foi produzida pelos cinco autores componentes da elite. Observou-se, tanto na análise da base teórico-bibliográfica quanto na análise das palavras-chave utilizadas, que o estudo da teoria da classificação facetada desperta interesses, sendo Ranganathan o teórico mais citado pelos autores mais produtivos. Trata-se de um fenômeno que não se pode efetivamente chamar de tendência, considerando-se a longevidade desse tipo de interesse. Conclusões: Esse interesse “renovado” na classificação facetada, entretanto, está certamente associado às contribuições que tal abordagem pode oferecer ao tratamento da informação digital em consonância com outros instrumentos, como, e.g., as ontologias.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Walter Moreira, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Filosofia e Ciências, Departamento de Ciência da Informação, Câmpus de Marília

Doutor em Ciência da Informação (USP). Docente do Departamento de Ciência da Informação da UNESP, atuando nos cursos de graduação em Biblioteconomia e Arquivologia e no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação

Isabela Santana de Moraes, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Mestre em Ciência da Informação (UNESP). Doutoranda em Ciência da Informação no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (UNESP)

Referências

ALVARADO, R. U. Elitismo na literatura sobre a produtividade dos autores. Ciência da Informação, Brasília, v. 38, n. 2, p. 69-79, maio/ago. 2009.

ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006.

BATLEY, S. Classification in theory and practice. Oxford: Chandos, 2005.

BEGHTOL, C. Classification for information retrieval and classification for knowledge discovery: relationships between "professional" and "naïve" classifications. Knowledge organization, Würzburg, v. 30, n. 2, p. 64-73, 2003.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

CAMPANARIO, J. M. Citation analysis. In: FEATHER, J.; STURGES, P. (Ed.). International encyclopedia of information and library science. 2. ed. London: Routledge, 2003. p. 76-78.

CARVALHO, M. M. Análises bibliométricas da literatura de química no Brasil. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 119-141, 1975.

FORESTI, N. A. B. Contribuição das revistas brasileiras de biblioteconomia e ciência da informação enquanto fonte de referência para a pesquisa. Ciência da Informação, Brasília, v. 19, n. 1, p. 53-71, jan./jun. 1990.

GARFIELD, E. Citation analysis as a tool in journal evaluation. Science, New York, n. 178, p. 471-479, 1972.

GARFIELD, E. Mapping science in the third world. Science and Public Policy, New York, v. 10, n. 3, p. 112-127, jun. 1983.

GOMES, H. E.; MOTTA, D. F.; CAMPOS, M. L. A. Revisitando Ranganathan: a classificação na rede. 2006. Disponível em: http://www.conexaorio.com/biti/revisitando/revisitando.htm. Acesso em: 28 mar. 2012.

HJØRLAND, B.; NICOLAISEN, J. Scientific and scholarly classifications are not "naïve": a comment to Beghtol (2003). Knowledge Organization, Würzburg, v. 31, n. 1, p. 55-63, 2004.

HJØRLAND, B. Is classification necessary after Google? Journal of Documentation, v. 68, n. 3, p. 299-317, 2012.

HODGE, G. Systems of knowledge organization for digital libraries: beyond traditional authority files. Washington: Council on Library and Information Resources, 2000.

MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 2, p. 134-140, maio/ago. 1998.

MAI, J-E. Classification of the web: challenges and inquiries. Knowledge Organization, Würzburg, v. 31, n. 2, p. 92-97, 2004.

MAI, J-E. The future of general classification. Cataloging & Classification Quarterly, New York, v. 37, n. 1/2, p. 3-12, 2003.

MAI, J-E. The modernity of classification. Journal of documentation, London, v. 67, n. 4, p. 710-730, 2011.

MALTBY, A.; MARCELLA, R. (Ed.). The future of classification. London: Gower, 2000.

OLIVEIRA, E. F. T.; GRACIO, M. C. C. Indicadores bibliométricos em Ciência da Informação: análise dos pesquisadores mais produtivos no tema estudos métricos na base Scopus. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 16, n. 4, p. 16-28, out./dez. 2011.

PIEDADE, M. A. R. Introdução à teoria da classificação. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Interciência, 1983.

POMBO, O. Da classificação dos seres à classificação dos saberes. Leituras: Revista da Biblioteca Nacional de Lisboa, n. 2, p. 19‐33, 1998.

SAN SEGUNDO MANUEL, R. From the invalidity of a general classification theory to a new organization of knowledge for the millennium to come. In: PETER, H.; NETSCHER, S.; MITGUTSCH, K. (Ed.). Kompatibilität, medien und ethik in der wissensorganisation. Würzburg: Ergon Verlag, 2008. p. 12-17.

SAN SEGUNDO MANUEL, R. Teoría e historia da la clasificación bibliotecaria en España: siglos XIX y XX. 1992. Tesis (Doctorado en Ciencias de la Información) - Universidad Complutense de Madrid, Madrid, 1992.

SHERA, J. H. What lies ahead in classification. In: EATON, T.; STROUT, D. E. (Ed.). The role of classification in the modern American library: papers presented at an institute conducted by the University of Illinois Graduate School of Library Science. Michigan: Edward Brothers, 1959. p. 116-128.

VANZ, S. A. S.; CAREGNATO, S. E. Estudos de citação: uma ferramenta para entender a comunicação científica. Em Questão, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 295-307, 2003.

WHITLEY, R. Cognitive and social institutionalization of scientific specialties and research areas. In: WHITLEY, R. Social processes of scientific development. London: Routledge and Kegan, 1974. p. 69-95.

Downloads

Publicado

2019-03-06

Como Citar

Moreira, W., & Moraes, I. S. de. (2019). O assunto “classificação” na literatura brasileira de Ciência da Informação: uma análise nos anais do ENANCIB (2003-2014). Informação & Informação, 24(1), 226–246. https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n1p226

Edição

Seção

Artigos