Práticas informacionais: elementos constituintes
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n2p566Palavras-chave:
Estudos de usuários, Práticas informacionais, Abordagem social, ContextoResumo
Introdução: A partir de breve referência às abordagens tradicional e alternativa dos estudos de usuários, estas são contrapostas à abordagem social e aos estudos de práticas informacionais. Identifica-se e discute-se, posteriormente, os principais conceitos tradicionalmente abordados nesses estudos, a saber: usuário, contexto, informação, conhecimento e cultura. Objetivo: Apresentar a perspectiva das práticas informacionais, bem como a ressignificação dos referidos conceitos, o que se faz necessário para superar a perspectiva baseada em mecanismos de estímulo-resposta, adotada pelas duas primeiras abordagens, e para torná-los condizentes com essa nova forma de olhar para os fenômenos informacionais. Adicionalmente, apresenta outros conceitos propostos por diferentes autores: sociabilidade, imaginação simbólica, conhecimento autoritativo, autoridade cognitiva, credibilidade, resiliência informacional e posicionamento. Metodologia: Revisão da literatura da subárea usuários da informação buscando identificar: o modo como os conceitos são construídos em cada abordagem e os conceitos emergentes nas pesquisas sobre práticas informacionais. Resultados: Em uma compreensão mais ampla que as abordagens anteriores, as práticas informacionais se referem aos mais diversos modos de interação entre usuário e informação. Ao adotar a reconstrução dos conceitos-chave da subárea, assume-se que cada ação do sujeito é fruto de um duplo movimento entre sua subjetividade e os referenciais sociais. Portanto, é necessário compreender o significado que as ações dos usuários têm para eles mesmos e, também, desvelar a dimensão cultural por trás dessas ações. Conclusão: Para a abordagem de práticas informacionais, conceitos tradicionais da subárea devem ser reconfigurados de modo a se ajustar a visão mais compreensiva dessa perspectiva. Nesse sentido, a discussão de aportes teórico-metodológicos para estudos de práticas informacionais são relevantes para a subárea usuários da informação.Downloads
Referências
ARAÚJO, C. A. A. O sujeito informacional no cruzamento da Ciência da Informação com as Ciências Sociais. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 14, 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis: ENANCIB, 2013. Disponível em: http://enancib.ibict.br/index.php/enancib/xivenancib/paper/viewFile/4181/3304. Acesso: 23 fev. 2017.
ARAÚJO, C. A. A. Imaginação e sociabilidade: novos conceitos para o estudo de usuários da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 16, 2015, João Pessoa. Anais eletrônicos... João Pessoa: ENANCIB, 2015. Disponível em: http://www.ufpb.br/evento/lti/ocs/index.php/enancib2015/enancib2015/paper/view/2981/1045. Acesso em: 10 fev. 2017.
BARRETO, A. A. A questão da informação. Revista São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 8, n. 4, 1994. Disponível em: http://aldoibct.bighost.com.br/quest/quest2.pdf. Acesso em: 16 fev. 2017.
CAPURRO, R. Epistemologia y Ciencia de Ia Informacion. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5, 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: ECI/UFMG, 2003.
CORRÊA, E. C. D. Usuário, não! Interagente: proposta de um novo termo para um novo tempo. Encontros Bibli: revista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 19, n. 41, p. 23-40, 2014.
COURTRIGHT, C. Context in information behavior research. Annual Review of Information Science and Technology, Malden, v. 41, n. 1, p. 273-306, 2007.
DERVIN, B. Given a context by any other name: methodological tools for taming the unruly beast. In: VAKKARI, P.; SAVOLAINEN, R.; DERVIN, B. (ed.). Proceedings of an International Conference on Research in Information Needs, Seeking and use in Diferent Contexts, London: Taylor Graham. 1997. p. 13-38.
DIAS, M. M. K.; PIRES, D. Usos e usuários da informação. São Paulo: EdUFSCar, 2004.
DOURISH, P. What we talk about when we talk about context. Personal and Ubiquitous Computing, London, v. 8, p. 19-30, 2004. Disponível em: http://www.dourish.com/publications/2004/PUC2004-context.pdf. Acesso em: 22 fev. 2017.
DURAND, G. A imaginação simbólica. Lisboa: Edições 70, 1993.
FERNÁNDEZ MOLINA, J. C.; MOYA-ANEGÓN, F. Perspectivas epistemológicas “humanas” en la documentación. Revista Española de Documentación Científica, v. 25, n. 3, p. 241-253, jul./set. 2002.
FRANÇA, V. R. V. Sociabilidade: implicações do conceito no estudo da comunicação. In: FAUSTO NETO, A.; PORTO, S.; BRAGA, J. L. (org.). A encenação dos sentidos: mídia, cultura e política. Rio de Janeiro: Diadorim, 1995. p. 55-66.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. 213 p.
GADAMER, H. The enigma of health: the art of healing in a scientific age. California: Stanford University Press, 1996. 192p.
GANDRA, T. K.; ARAÚJO, C. A. A. Práticas informacionais dos visitantes do Museu Itinerante Ponto UFMG. Em Questão, Porto Alegre, v. 22, n. 3, set./dez. 2016. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/64326. Acesso em: 12 fev. 2017.
GANDRA, T. K. Práticas informacionais dos visitantes do Museu Itinerante Ponto UFMG. 2017. 190 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
GONZÁLEZ TERUEL, A. Los estudios de necessidades y usos de la información: fundamentos y perspectivas actuales. Espanã: Ediciones Trea, 2005.
HJØRLAND, B. Library and information science: practice, theory, and philosophical basis. Information Processing and Management, New York, v. 36, p. 501-531, 2000.
JORDAN, B. Authoritative knowledge and its construction. In: DAVIS-FLOYD, R. E.; SARGENT, C. F. (ed.). Childbirth and authoritative knowledge: crosscultural perspectives. Berkeley, California: University of California Press, 1997. p. 55-79.
LLOYD, A. Building information resilience: how do resettling refugees connect with health information in regional landscapes – implications for health literacy. Australian Academic & Research Libraries, Londres, v. 45, n. 1, p. 48-66, 2014.
LLOYD, A. Researching fractured (information) landscapes: Implications for library and information science researchers undertaking research with refugees and forced migration studies. Journal of Documentation, Bingley, v. 73, n. 1, p. 35-47, 2016.
LUNARDELLI, R. S. A. Usuários ou clientes de bibliotecas? Uma reflexão do ponto de vista da lexicologia. SIGNUM: Estudos da Linguagem, Londrina, v. 2, n. 7, p. 91-99, 2004. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/3914/3142. Acesso em: 10 fev. 2017.
MARTELETO, R. M. Cultura da modernidade: discursos e práticas informacionais. Revista da Escola Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 23, n. 2, p.115-137, jul./dez. 1994.
MCKENZIE, P. J. A model of information practices in accounts of everyday-life information seeking. Journal of Documentation, Bingley, v. 59, n. 1, p. 19-40, 2003.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/. Acesso em: 22 fev. 2017.
OLIPHANT, T. The information practices of people living with depression: constructing credibility and authority. 2010. 208 f. Thesis (Graduate Programme in Library and Information Science) - The University of Western Ontario, London, Ontario, Canada, 2010. Disponível em: http://ir.lib.uwo.ca/cgi/viewcontent.cgi?article=1049&context=etd. Acesso em: 12 mar. 2017.
ØROM, A. Information Science, historical changes and social aspects: a Nordic outlook. Journal of Documentation, Bingley, v. 56, n. 1, p. 12-26, 2000.
PIAGET, J. Biologia e conhecimento. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
RENDÓN ROJAS, M. A. Hacia un nuevo paradigma en Bibliotecologia. Transinformação, Campinas, v. 8, n. 3, p. 17-31, set./dez. 1996.
RENDÓN ROJAS, M. A. Relación entre los conceptos: información, conocimiento y valor. Semejanzas y diferencias. Ciência da Informação, Brasília, v. 34, n. 2, p. 52-61, maio/ago. 2005. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1090/1198. Acesso em: 26 fev. 2017.
ROCHA, J. A. P. A produção do conhecimento como Cognição Distribuída: práticas informacionais no fazer científico. 2018. 210 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo horizonte, 2018.
ROBREDO, J. Da Ciência da Informação revisitada aos sistemas humanos de informação. Brasília: Thesaurus; SSRR Informações, 2003.
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.
SARACEVIC, T. Information science. Journal of the American Society for Information Science, Chapel Hall, v. 50, n. 12, p. 1051-1063, 1999.
SAVOLAINEN, R. Spatial factors as contextual qualifiers of information seeking. Information Research, Lund, v. 11, n. 4, 2006. Disponível em: http://InformationR.net/ir/11-4/paper261.html. Acesso em: 14 fev. 2017.
SAVOLAINEN, R. Information behavior and information practice: reviewing the “umbrella concepts” of information-seeking studies. Library Quarterly, Chicago, v. 77, n. 2, p. 109–132, 2007.
TABAK, E. Jumping between context and users: a difficulty in tracing information practices. Journal of the Association for Information Science and Technology, Chapel Hall, n. 65, v. 11, p. 2223–2232, 2014.
TALJA, S. Constituting "information" and "user" as research objects: a theory of knowledge formations as an alternative to the information man-theory. In: VAKKARI, P.; SAVOLAINEN, R.; DERVIN, B. (ed.). Information seeking in context. Londres: Taylor Graham, 1996, p. 67-80.
TALJA, S. The Domain Analytic Approach to Scholar’s Information Practices. In: FISHER, K. E.; ERDELEZ, S.; MCKECHNIE, L. E. F. (ed.). Theories of information behavior. Information Today: Medford, New Jersey, 2005. p. 123-127.
TALJA, S.; KESO, H.; PIETILÄINEN, T. The production of “context” in information seeking research: a meta theoretical view. Information Processing & Management, Amesterdã, v. 35, n. 6, p. 751-763, 1999.
TALJA, S.; NYCE, J. M. The problem with problematic situations: differences between practices, tasks and situations as units of analysis. Library & Information Science Research, Amesterdã, v. 37, n. 1, p. 61-67, 2015.
TALJA, S.; TUOMINEN, K.; SAVOLAINEN, R. “Isms” in information science: constructivism, collectivism and constructionism. Journal of Documentation, Bingley, v. 61, p. 79-101, 2005.
TUOMINEN, K.; SAVOLAINEN, R. A social constructionist approach to the study of information use as a discursive action. In: VAKKARI, P.; SAVOLAINEN, R.; DERVIN, B. (ed.). Information seeking in context. Londres: Taylor Graham, 1996. p. 81-96.
VAKKARI, P., SAVOLAINEN, R., DERVIN, Br. (ed.). Proceedings of an International Conference on Research in Information Needs, Seeking and Use in Different Contexts. London: Taylor Graham. 1997.
VERGUEIRO, W. Qualidade em serviços de informação. São Paulo: Arte e Ciência, 2002.
WHITE, L. A.; DILLINGHAM, B. O conceito de cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.
WILSON, P. Second-hand knowledge: an inquiry into cognitive authority. Westport, CT: Greenwood Press, 1983. 211p.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.
O conteúdo dos textos e a citação e uso de imagens submetidas são de inteira responsabilidade dos autores.
Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Informação & Informação.