Porque vocês não sabem do lixo ocidental: ensino de história da educação e a “questão do outro”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2238-3018.2019v25n1p305

Palavras-chave:

História geral da educação, Mundo ocidental, Alteridade

Resumo

O presente artigo é fruto de reflexão teórica sobre uma experiência pedagógica realizada durante os anos de 2016 e 2017 com a disciplina de História da Educação I – história geral da educação, ainda em andamento, no curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. A experiência partiu do questionamento sobre a centralidade do chamado “mundo ocidental” presente no programa oficial da disciplina. Diante desta problematização propusemos uma abordagem alternativa para história geral da educação calcada nos encontros entre povos e diálogos entre culturas, tomando como eixo a discussão sobre a alteridade. O exercício teórico aqui apresentado amplia o universo da experiência em questão, buscando investigar a perspectiva formativa vigente nos cursos de história geral da educação oferecidos aos licenciandos em Pedagogia nas três Universidades estaduais paulistas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade de Campinas (UNICAMP). Para tanto, trabalhamos com as ementas dos cursos analisados em três aspectos estruturais: objetivos; conteúdo programático e referências bibliográficas. Foi possível constatar e discutir, nos limites postos por essas fontes, a permanência de marcas eurocêntricas nas abordagens de história geral da educação no universo investigado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Luiza Jesus Costa, Faculdade de Educação da Universidade São Paulo - FEUSP

Professora de História da Educação no Departamento de Filosofia e Ciências da Educação da Faculdade de Educação da Univerasidade de São Paulo.

Referências

BERNAL, Martin. A Atena negra: as raízes afro-asiáticas da civilização clássica. Barcelona: Crítica, 1993. BORGES, Márcio. Os sonhos não envelhecem. São Paulo: Geração Editorial, 1996.

BRASIL. Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm. Acesso em: 25 mar. 2018.

BRASIL. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 25 mar. 2018.

BRAUDEL, Fernand. O espaço e a história no Mediterrâneo. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1988.

CANTON, Ciro Augusto Pereira. “Nuvem no céu e raiz”: romantismo revolucionário e mineiridade em Milton Nascimento e no Clube da Esquina (1970-1983). 2010. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de São João del Rei, São João del Rei, 2010.

EAGLETON, Terry. Versões de cultura. In: EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. São Paulo: UNESP, 2005.

GALEANO, Eduardo. Caminos de alta fiesta. In: GALEANO, Eduardo. Espejos: uma historia casi universal. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2008. p.6-7.

GILROY, Paul. O atlântico negro. São Paulo: Editora 31, 2001. GOODY, Jack. O roubo da história: como os europeus se apropriaram das ideias e invenções do Oriente. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003.

HOUTONDJI, Paulin J. Conhecimento de África, conhecimento de africanos: duas perspectivas sobre os estudos africanos. In: SANTOS, Boa Ventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do sul. Coimbra, Portugal: Edições Almedina, 2009.

LARAIA, Roque de Barros. Da natureza da cultura, ou da natureza à cultura. In: LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 9-64.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boa Ventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.

SAID, Edward. Introdução. In: SAID, Edward. Cultura e imperialismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 9- 34.

SANTOS, Boa Ventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: SANTOS, Boa Ventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.

SLENES, Robert. A importância da África para as ciências humanas. História Social, Campinas, n. 19, 2010.

STAVANS, Ilan. O que é civilização. São Paulo: Studio Nobel, 2004.

TODOROV, Tzevetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: EDUEL, 2012.

UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Faculdade de Ciências. Programa de ensino do curso de Licenciatura em Pedagogia, História da Educação. Bauru: UNESP, 2015. Disponível em: https://www.fc.unesp.br/Home/Cursos/Pedagogia/planos-de-ensino3003.pdf. Acesso em: 10 de junho de 2018.

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Faculdade de Ciência e Tecnologia. Programa de ensino do curso de Licenciatura em Pedagogia, História da Educação 1. Presidente Prudente: UNESP, 2018. Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1W2HEftBdZ_67GeWM9m3da3avEPx CVoCf. Acesso em: 10 jun. 2018.

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Instituto de Biociência de Rio Claro. Programa de ensino do curso de Licenciatura em Pedagogia, História da Educação Antiga e Medieval. Rio Claro: UNESP, 2011a. Disponível em: http://ib.rc.unesp.br/Home/Instituicao/DivisaoTecnicaAcademica/SecaodeGraduacao/historia-da-educacao-antiga-e-medieval---22.08.11.pdf. Acesso em: 10 jun. 2018.

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Instituto de Biociência de Rio Claro. Programa de ensino do curso de Licenciatura em Pedagogia, História da Educação Moderna e Contemporânea. Rio Claro: UNESP, 2011b. Disponível em: http://ib.rc.unesp.br/Home/Instituicao/DivisaoTecnicaAcademica/SecaodeGraduacao/historia-da-educacao-moderna-e-contemporanea---22.08.11.pdf. Acesso em: 10 jun. 2018.

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Plano de ensino do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, História da Educação 1. Araraquara: UNESP, 2017. Disponível em: http://www.fclar.unesp.br/Home/Graduacao/ced0134---2017.pdf. Acesso em: 10 jun. 2018.

UNICAMP. Curso de Licenciatura em Pedagogia. Grade curricular. Disponível em: https://www.dac.unicamp.br/sistemas/catalogos/grad/catalogo2018/coorde nadorias/0006/0006.html#EP110. Acesso em: 10 jun. 2018.

USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade de Educação. Curso de Licenciatura em Pedagogia. História da Educação 1. São Paulo: USP, 2017. Disponível em: https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/jupDisciplina?sgldis=EDF0119&verdis= 4. Acesso em: 10 jun. 2018.

VIDAL, Diana Gonçalves; FARIA FILHO, Luciano Mendes. História da educação no Brasil: a constituição histórica do campo. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, n. 45, p. 37-70, 2003.

WARDE, Mirian; CARVALHO, Marta Maria Chagas. Política e cultura na produção da história da educação no Brasil. Contemporaneidade e Educação, Rio de Janeiro, ano 5, n. 7, p. 9-33, 2000.

Downloads

Publicado

2019-07-29

Como Citar

Costa, A. L. J. (2019). Porque vocês não sabem do lixo ocidental: ensino de história da educação e a “questão do outro”. História & Ensino, 25(1), 305–332. https://doi.org/10.5433/2238-3018.2019v25n1p305

Edição

Seção

Artigos