Corpos periféricos no ensino de história

onde estão as pessoas LGBTQIA+?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30n1p037-056

Palavras-chave:

Corpos periféricos, LGBTfobia, escola pública, ensino de História, Alfenas

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre a negação da presença periférica da população LGBTQIA+ no ensino de História. Discute noções de periferia e de centralidade, destacando o ensino de História a partir de indivíduos e grupos dissidentes como um posicionamento político para combater e diluir visões eurocêntricas e dualistas que desconsideram o registro e o reconhecimento de uma história periférica e marginalizada, em nome de uma universalidade cisheteronormativa. Neste texto, entende-se periferia como lugar de agenciamento, posição e movimento político de grupos para ocupar espaços, romper silenciamentos e construir identidades. Como breve exemplo da importância de um ensino que leve em conta os corpos periféricos LGBTQIA+, narro uma experiência com discentes da educação básica em uma escola pública na cidade de Alfenas, interior de Minas Gerais, em que tratamos do dia de combate à LGBTfobia.

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Biografia do Autor

Marta Gouveia de Oliveira Rovai, Universidade Federal de Alfenas

Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professora na Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) e docente colaboradora na USP e na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG). Coordenadora do GT de Gênero da Anpuh-MG e Diretora de História Pública da Anpuh-BR.

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Publicado

2024-06-30

Como Citar

Gouveia de Oliveira Rovai, M. (2024). Corpos periféricos no ensino de história: onde estão as pessoas LGBTQIA+?. História & Ensino, 30(1), 037–056. https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30n1p037-056

Edição

Seção

Dossiê ENSINO DE HISTÓRIA EM "PERIFERIAS": ENSINAR E APRENDER EM MARGENS, BEIRAS, BORDAS E FRONTEIRAS