História política brasileira
a formação da opinião pública e as disputas de memórias sobre o 31 de março de 1964
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30nespecialp127-153Palavras-chave:
História Política brasileira; Governo Bolsonaro; Opinião pública; Disputas de memórias; 31 de março de 1964.Resumo
Neste início do século XXI, no Brasil contemporâneo, no primeiro semestre do governo do presidente da República Jair Messias Bolsonaro (2019-2022), reacendeu-se as disputas de memórias sobre a ruptura política de 1964. Em março de 2019, Bolsonaro estabeleceu uma “Ordem do Dia” aos militares e defendeu a celebração da data de 31 de março de 1964. Essa política bolsonarista, os resultados das Eleições de 2022, quando Bolsonaro (PL) foi derrotado no segundo turno por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os discursos de ódio da extrema-direita e as manifestações antidemocráticas com pessoas em frente aos quartéis solicitando “intervenção militar com Bolsonaro” e a volta do Ato Institucional n. 5 (AI-5), que culminaram com a tentativa de golpe de Estado em 08 de janeiro de 2023, no início do terceiro governo Lula, instigaram a analisarmos o processo de formação da opinião pública e as disputas de memórias sobre o 31 de março de 1964, a Ditadura Militar (1964-1985). Considerando a História Política brasileira nos últimos 60 anos e o questionamento: “O 31 de março de 1964, data cívica e/ou golpe de Estado?, neste paper para análise selecionamos o audiovisual “31 de março de 1964” divulgado pelo governo Bolsonaro nas redes sociais e disponível no YouTube em 2019 e as reportagens publicadas em março daquele ano.
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