O ensino de história na ditadura
atuação e trajetória de Maria Efigênia Lage de Resende
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30nespecialp224-247Palavras-chave:
Ditadura, Ensino de História, Estudos Sociais, Maria Efigênia Lage de ResendeResumo
Este artigo examina a trajetória intelectual de Maria Efigênia Lage de Resende durante a ditadura civil-militar brasileira (1964–1985), focalizando sua atuação na produção de manuais didáticos, nas políticas curriculares de Estudos Sociais e nas estratégias de formação docente. Analisando a coleção Lage & Moraes e sua inserção nas reformas educacionais do período, argumenta-se que a autora operou em zonas ambíguas entre acomodação e resistência, promovendo práticas pedagógicas alternativas e intelectualmente engajadas em meio ao autoritarismo. A pesquisa destaca como sua obra articulou referências historiográficas dos Annales e da pedagogia construtivista, tensionando o modelo tecnicista oficial. A análise revela estratégias intelectuais que desafiaram, negociaram e ressignificaram as diretrizes oficiais, contribuindo para a constituição de modelos formativos em História. Ao explorar contradições e disputas no campo do ensino de História, o artigo pretende contribuir para uma compreensão mais nuançada das relações entre intelectuais, cultura escolar e regimes autoritários.
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