A cultura histórica escolar contemporânea: uma análise a partir das categorias rüsenianas
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n1p56Palavras-chave:
Consciência Histórica, Livros Didáticos de História, Cultura Histórica Escolar.Resumo
Ferramentas para o ensino de história desde o manual de Langlois e Seignobos, os livros didáticos, segundo Sales (2014) são, em conjunto com os documentos norteadores da disciplina, disseminadores da cultura histórica escolar e das orientações governamentais para o ensino de história. Assim sendo, constituem um campo de disputa entre as representações sociais e culturais historicamente construídas e conflitantes, e que, por reinvindicação dos movimentos sociais e políticos, galgam espaço em suas páginas. Além disso, também carregam a alcunha de normatizador e mantenedor de culturas e métodos dominantes, caracterizando-se, diante disso, como um material complexo e ao mesmo tempo profícuo para os estudos, ao passo em que ocupam o patamar de objeto e também de fontes para o trabalho historiográfico. Neste sentido, a proposta que segue primeiramente conceitua os usos desses impressos enquanto fontes, na tradição historiográfica, e, posteriormente, visa compreender, à luz da teoria rüseniana das dimensões para a construção da consciência histórica, como tal consciência é disseminada no material escolar mais distribuído para a modalidade ensino médio no ano de 2015. A hipótese que moveu tal investigação foi a de que na atualidade, o ensino de história refletido nos materiais didáticos, não prenuncia a formação histórica do aluno. Para tanto, a metodologia utilizada consistiu na leitura de “capa a capa” da coleção mais distribuída no ano mencionado, identificando e catalogando as formas pelas quais as dimensões de formação da consciência histórica, que consistem na experiência, interpretação e orientação, são desenvolvidas no material. Para tanto, foram elaborados quadros à guisa das considerações de Rüsen (2011) sobre O Livro Didático Ideal, tema e título de uma de suas produções, e essas perspectivas foram analisadas diante de produções específicas da área da ciência histórica. Por fim, constatou-se que tais dimensões não são plenamente possibilitadas no impresso didático analisado, caracterizando uma cultura histórica escolar carente de fundamentação mais precisa no que se refere às dimensões de formação da consciência histórica, tal qual Rüsen aponta ser identificado na Alemanha.
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