Papéis em circulação na capitania de São Paulo (século XVIII): apontamentos preliminares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-9126.2020v14n27p116

Palavras-chave:

Papel, Marca d'água, Cultura material, Cultura escrita, Império português

Resumo

As marcas d'água identificadas em documentos produzidos na capitania de São Paulo durante o século XVII evidenciaram que papéis de diferentes proveniências circulavam na América e se convertiam em suportes de informações privilegiadas para a comunicação entre as várias partes do Império Português. Não obstante sua reconhecida importância, o artefato papel, como produto do trabalho humano e vetor de relações sociais, tem recebido pouca atenção da historiografia brasileira. A fim de fomentar o debate, este artigo identifica alguns circuitos comerciais e administrativos de papéis entre os centros produtores papeleiros, o reino e seus domínios, envolvendo diferentes atores sociais, e procura captar as mudanças de seus usos e funções nesses percursos. Ao atentar para a materialidade dos documentos, intenta-se destacar sua centralidade para o funcionamento do Império, cujo sucesso dependia, em grande medida, da produção escrita que se desenvolvia nos territórios ultramarinos.

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Biografia do Autor

Maria Aparecida de Menezes Borrego, Museu Paulista, Universidade de São Paulo - USP

Doutora em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo-SP. Professora no Museu Paulista, Universidade de São Paulo - USP

Igor Alexandre Silva Cassemiro, Universidade de São Paulo - USP

Graduando em História pela Universidade de São Paulo, São Paulo-SP.

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Publicado

2020-12-21

Como Citar

Borrego, M. A. de M., & Cassemiro, I. A. S. (2020). Papéis em circulação na capitania de São Paulo (século XVIII): apontamentos preliminares. Domínios Da Imagem, 14(27), 116–149. https://doi.org/10.5433/2237-9126.2020v14n27p116

Edição

Seção

Artigos do dossiê