Lembrar é preciso: as conquistas portuguesas revisitadas por exemplares da imprensa colonial elaborada em Portugal e Moçambique (1922 - 1937)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n19p115Palavras-chave:
Imperialismo, Tradição, Legitimação, Assimilação, . ImprensaResumo
A preservação de uma vitória pode perder-se rapidamente se não for rememorada e idealizada para as gerações futuras. Surge, então, a necessidade de se criar narrativas que mantenham vivas as glórias e respaldem as ações presentes. Da mesma forma, os que foram derrotados podem elaborar novas estratégias de enfrentamento para manterem-se ativos diante de um cenário no qual não são mais considerados atores principais, mesmo que ainda sejam imprescindíveis para o desenrolar da trama histórica. Grosso modo, foi assim que se desenvolveram as relações entre Portugal e Moçambique colonial. Portanto, o artigo objetiva refletir sobre o surgimento e atuação de alguns periódicos que fizeram do colonialismo teor de discussão em ambos os lados e levantaram a problemática da tradição imperialista portuguesa para seus leitores. Para tal, vale-se da proposta analítica de averiguações “intra-jornal” e “interjornais”, defendidas por Zicman, e das orientações de Capelato e Prado, segundo as quais os impressos são concebidos como instrumentos capazes de intervir e manipular interesses na sociedade. Conjectura-se, ao final, que a rememoração do passado conquistador lusitano esteve ligada à busca de legitimidade dos autores dentro da sistemática colonial.Downloads
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