A presença das amas-de-leite na amamentação das crianças brancas na cidade de São Paulo no século XIX

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DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2016v9n17p297

Palavras-chave:

Brasil Império, Escravidão, Amas-de-leite, Mulheres escravas, Amamentação

Resumo

O objetivo desse estudo será a analise da participação das mulheres negras na função social de amas-deleite na amamentação das crianças brancas das famílias senhoriais na cidade de São Paulo no século XIX, porque as mães brancas não tinham condições físicas para garantirem seu aleitamento. As escravas negras ficaram conhecidas como mulheres que devido ao seu porte físico e características raciais, poderiam dar o peito para os filhos dos senhores. Elas eram obrigadas a rejeitarem do leite materno sua própria prole, o que aumentava os índices de mortalidade entre as crianças escravas. Mas, a atuação das amas-de-leite não ficava limitada à casa dos senhores, na capital paulista, em muitos anúncios jornalísticos, elas eram alugadas nos casos de mulheres que estavam impossibilitadas de amamentarem. As negras libertas também alugavam seus serviços de amas-de-leite para conseguirem algum dinheiro. A presença das amas-de-leite na amamentação infantil começou a ser contestada pela saúde pública nas décadas finais do século XIX; com o desenvolvimento da profilaxia higiênica e da puericultura. Segundo o pensamento cientifico do final do século XIX, as críticas médicas sobre as amas-de-leite seria devido à falta de higiene no aleitamento, ocasionando doenças e aumento da mortalidade infantil, tanto que seus serviços foram alvos de regulamentação política de controle social.

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Biografia do Autor

Robson Roberto Silva, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP)

Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina. Doutorando em História pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho.

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Publicado

06-09-2016

Como Citar

SILVA, R. R. A presença das amas-de-leite na amamentação das crianças brancas na cidade de São Paulo no século XIX. Antíteses, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 297–322, 2016. DOI: 10.5433/1984-3356.2016v9n17p297. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/22618. Acesso em: 16 abr. 2024.