A malandragem no país da ditadura: humor, deboche e política no cinema realizado por Hugo Carvana
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2019v12n23p602Palabras clave:
Hugo Carvana, Ditadura militar brasileira, Cinema brasileiro, Humor político, Arte de engajamentoResumen
Em 1973, após consolidar-se profissionalmente como ator, Hugo Carvana lançou-se à direção de filmes. Propondo um estilo de criação a aproximar heranças artísticas distintas, as chanchadas carnavalescas e o engajamento do Cinema Novo, o cineasta voltou-se para a realização de longas-metragens humorísticos, de comicidade debochada, nos quais estabeleceu leituras críticas ao Brasil da ditadura militar. Influenciado pela dramaturgia de Vianinha, na perspectiva de desnudar contradições sociais presentes no país, Carvana construiu uma filmografia popular, inserida na indústria cultural, a demarcar oposições aos valores do universo burguês. Redigindo roteiros em parceria com Armando Costa, o cineasta dirigiu na década de 1970 as obras Vai trabalhar, vagabundo (1973) e Se segura, malandro (1978), nas quais exercitou uma recusa irônica à ideologia conservadora vinculada ao progresso capitalista e à ética do trabalho. Por meio de um elogio à vigarice e à “boa” malandragem, tratadas como resistência criativa dos desvalidos aos desmandos autoritários, seus filmes propuseram uma abordagem romântica em torno da classe popular, representado-a como orquestradora de um desvio irreverente ao aburguesamento do mundo. Celebrando a sagacidade do povo, Carvana fez do riso um instrumento de refutação às hierarquias sociais, compondo paineis satíricos a expor o mal-estar vivido pela sociedade brasileira em tempos ditatoriais.Descargas
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