Um humanista “além-fronteiras”: um estudo sobre Damião de Góis

Autores/as

  • Carlos Mauro de Oliveira Júnior Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n20p997

Palabras clave:

Damião Erasmo, Humanismo, Tolerância, Respublica

Resumen

Desejamos, neste artigo, realizar um exercício de interpretação de um pequeno conjunto de textos do humanista português – Damião de Góis (1504-1572) – tendo em vista a trajetória política do Reino de Portugal no século XVI. Processado pelo Tribunal da Inquisição, Góis pareceu ter deixado registrado, em seus textos e no processo, algumas perspectivas e visões de mundo que dialogam com Erasmo de Roterdã e com um Humanismo do Norte. Por sua vez, sua trajetória de vida e algumas anotações feitas pelos inquisidores no processo podem permitir lançar algumas hipóteses sobre como a ortodoxia católica rompeu com o Humanismo ao longo do XVI. Um cristianismo interno e tolerante – mais ligado à Devotio Moderna – foi transformado em luteranismo e, depois, perseguido.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Carlos Mauro de Oliveira Júnior, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Citas

ARORA, Shirley. Review – ‘Odette Sauvage. L’itinéraire érasmien d’André de Resende’. Renaissance Quarterly, New York, v. 27, n. 1, p. 60-62, 1974.

BACON, Francis. O progresso do conhecimento (1605). São Paulo: Unesp, 2007.

BARROS, João. Ropica pnefma. Lisboa: Centro de Estudos de Psicologia e de História da Filosofia, 1532.

BARROS, João de. Panegíricos. Lisboa: Spa da Costa Editora, 1943.

BATAILLON, Marcel. Iluminismo y erasmismo el enchiridion. In: BATAILLON, Marcel. Erasmo y España. México: Fondo de Cultura Económica, 2013. p. 166-225.

BUESCU, Ana Isabel. Imagens do príncipe: discurso normativo e representação (1525-49). Lisboa: Cosmos, 1996a.

BUESCU, Ana Isabel. João de Barros: humanismo, mercancia e celebração imperial. Oceano, Lisboa, n. 27, p. 11-24, jul./set. 1996b.

CANTIMORI, Delio. Humanismo y religiones en el renacimiento. Barcelona: Península, 1984.

CATROGA, Fernando. Ensaio respublicano. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011. (Ensaios da Fundação).

COSTA, Ramalho A. A introdução do humanismo em Portugal. Humanitas, Lisboa, v. 23, p. 23- 46, 1972.

DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Editora Pioneira, 1989.

ERASMO DE ROTERDÃ. A educação de um príncipe cristão (1516) In: CONSELHOS aos governantes. Brasília: Senado Federal, 1998. (Coleção Clássicos da Política).

ERASMO DE ROTERDÃ. Educación del príncipe Cristiano. Madrid: Tecnos, 2012.

ERASMO DE ROTERDÃ. Livre-arbítrio e salvação. São Paulo: Reflexão, 2014.

ERASMO DE ROTERDÃ. O papa expulso do céu. Rio de Janeiro: Livraria H Antunes, 1938.

FUETER, Eduard. Histoire de historiographie moderne. Paris: Felix Alcan, 1914.

GARIN, Eugénio. Idade média e renascimento. Lisboa: Estampa, 1994.

GAY, Peter. O estilo na história: Gibbon, Ranke, Macaulay, Burckhardt (1974). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

GINZBURG, Carlo. A micro-história e outros ensaios. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

GÓIS, Damião. A fé, a religião e os costumes da Etiópia (1540) e Lapônia. In: GÓIS, Damião. Opúsculos históricos. Porto: Livraria Civilização, 1945.

GÓIS, Damião. Chronica do sereníssimo senhor rei Dom Emanuel: partes I e II. Lisboa: Casa de Francisco Correa, 1566. Disponível em: http://purl.pt/14704/3/#/10. Acesso em: 16 jun. 2015.

GÓIS, Damião. Chronica do sereníssimo senhor rei Dom Emanuel: partes III e IV. Coimbra: Real Officina da Universidade, 1790. Disponível em: https://play.google.com/books/reader?printsec=frontcover&output=reader&id=qGtMAAAAcAAJ&pg=GBS.PP11. Acesso em: 16 jun. 2015.

GÓIS, Damião. Correspondência latina. São Paulo: Annablume; Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011.

GÓIS, Damião. Crônica do príncipe D. João. Lisboa: Offinica da Musica, 1724. Disponível em: http://purl.pt/286. Acesso em: 31 maio 2015.

GÓIS, Damião. Ecclesiastes de salaman (1538). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. GRANADA, Miguel Angel. Estudio preliminar. In: ERASMO DE ROTTERDAM. Escritos de crítica religiosa y política. Madrid: Tecnos, 2008. p. xvii.

GUIJARO, Pedro Jiménez. Estudio preliminar. In: ERASMO DE ROTTERDAM. Educación del príncipe Cristiano. Madrid: Tecnos, 2012.

HENRIQUES, Guilherme J. C. Inéditos Goesianos: O Processo na Inquisição, documentos avulsos, notas. Lisboa: Typ. Da Viúva de Vicente da Silva, 1898. v.2.

HIRSCH, Elizabeth F. Damião de Góis. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.

KOSELLECK, Reinhart. Historia magistra vitae: sobre a dissolução do topos da história moderna em movimento. In: KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado (1979): contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contratempo, 2006. p. 41-60.

MARCOCCI, Giuseppe; PAIVA, José Pedro. História da inquisição portuguesa (1536-1821). Lisboa: A Esfera dos Livros, 2013.

MENDES, Antônio Rosa. A vida cultural. In: MATTOSO, José (Dir.). História de Portugal: no alvorecer da modernidade. Lisboa: Estampa, 1997. p. 333-371.

MILTON, John. A tenência dos reis e magistrados (1649) e defesa do povo inglês (1651). In: MILTON, John. Escritos políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

NASCIMENTO, Sidnei Francisco de. Erasmo e Lutero: o livre-arbítrio da vontade humana: Revista Filos, [S. l.], v. 18, n. 23, p. 89-103, jul./dec. 2006.

OSÓRIO, Jorge Alves. O convivium religiosum de Erasmo, numa edição coimbrã dos colóquios. Humanitas, [S. l.], v. 25-26, 1974.

PAIVA, José Pedro. Católico sou e não luterano: o processo de Damião de Góis na inquisição (1571-1572). In: SERRÃO, José Vicente (Coord.). Damião de Góis: um humanista na Torre do Tombo. Lisboa: IAN/TT, 2002. p. 21-22.

PEREIRA, Belmiro Fernandes. Antigos e modernos: o humanismo norte-europeu nas retóricas peninsulares do séc. XVI. Península: Revista de Estudos Ibéricos, [S. l.], v. 5, p. 93-101, 2008.

POCOCK, J. G. A. The machivellian moment: florentine political thought and the atlantic republican tradition. Princeton: Princeton University Press, 1975.

POPKIN, Richard. La historia del escepticismo desde erasmo hasta spinoza. México: Fondo de Cultura Económica, 1983.

PROCESSO DE DAMIÃO DE GÓIS. Inquisição de Lisboa, processo nº17170, com o código de referência PT/TT/TSO-IL/028/17170. Conservado no Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do

Tombo (IAN/TT). Disponível em: http://digitarq.dgarq.gov.pt/ viewer?id=2317173. Acesso em: 15 jan. 2016.

SÁ JUNIOR, Luiz Cesar de. O humanismo português entre o latim e o astrolábio: notas sobre a Translatio Imperii e os Itinerários de Damião de Góis (1523-1567). Disponível em: www.ilb.ufop.br/IIIsimposio/06.pdf. Acesso em: 26 jan. 2016.

SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno (1978). São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SKINNER, Quentin. Maquiavel. São Paulo: Brasiliense, 1988.

SOARES, Nair de Nazaré C. Humanismo e pedagogia. Humanitas, [S. l.], v. 2, n. 47, p. 799-844, 1995.

TOIPA,Helena Costa. O ofício à Rainha Santa Isabel, de André de Resende. Máthesis. Viseu, n. 20, p. 55-75, 2011.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1994.

WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX (1973). São Paulo: Edusp, 1995.

Publicado

2017-12-01

Cómo citar

OLIVEIRA JÚNIOR, Carlos Mauro de. Um humanista “além-fronteiras”: um estudo sobre Damião de Góis. Antíteses, [S. l.], v. 10, n. 20, p. 997–1016, 2017. DOI: 10.5433/1984-3356.2017v10n20p997. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/28072. Acesso em: 24 nov. 2024.