A formação docente e a dinâmica socioafetiva em um contexto interativo com o patrimônio histórico-cultural
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2025v18n35p86-113Palavras-chave:
Educação patrimonial, Patrimônio afetivo, Formação docenteResumo
Este estudo apresenta os resultados de uma investigação que analisou os afetos de estudantes e egressos do curso de Pedagogia de uma instituição de ensino superior (IES) pública, vinculados ao Programa de Educação Tutorial (PET), em relação ao patrimônio histórico-cultural da cidade de Sobral-CE. Todos os participantes vivenciaram o projeto Trilhas Urbanas, uma atividade de interação com o centro histórico da urbe. A proposta de promover o intercâmbio de acadêmicos com o patrimônio cultural da cidade fez parte de uma estratégia pedagógica voltada para potencializar a educação patrimonial no contexto da formação de professores, estimulando, assim, novas sensibilidades que se integraram ao currículo tradicional. A pesquisa articulou componentes teóricos fundamentais, envolvendo discussões sobre patrimônio cultural (Choya, 2011; Meneses, 2009; Silva, 2016), psicologia ambiental (Bomfim, 2010) e a teoria dos afetos concebida por Spinoza (2018). Os resultados evidenciaram que a relação com o patrimônio cultural construído mobilizou afetos expressos na forma de estima pelo lugar, revelando sentimentos de pertencimento, agradabilidade, segurança, insegurança e medo. Conclui-se que investir na formação docente deve ir além da transmissão de conhecimentos básicos, sendo fundamental oportunizar a emergência de novas realidades, inclusive no âmbito afetivo.
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