As florestas como sujeito e o terricídio
uma semiologia epistemológica a partir do pensamento ameríndio
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2023v16n31p025-058Palavras-chave:
Florestas, Epistemologia, Semiótica, Terricídio, EtnografiaResumo
O argumento principal reside na aceitação de um imperativo cosmológico ameríndio não-antropocêntrico de que a floresta pode ser tomada pelas Ciências Humanas como sujeito histórico ativo, produtor de conhecimentos, significações e comunicações, mesmo que não-simbólicas ou humanamente linguísticas. Para isso realizaremos uma discussão bibliográfica teórica e antropológica de escritos etnográficos no sentido de sustentar a possibilidade de compreender como epistemologicamente válida a existência de uma ativa semiótica, que fundamenta o reconhecimento e intercomunicação entre animais-humanos, animais não-humanos e demais reinos em coabitação florestal, compreendendo a própria floresta como um ente subjetivamente constituído e autodeterminado. Para alcançar tal compreensão dividiremos nosso escrito em duas partes. Na primeira estudaremos a antropologia de Eduardo Kohn acerca de uma semiótica das florestas, que legam às florestas um status ativo de sujeito, enquanto produtoras de saberes e linguagens. Na segunda parte de nosso artigo abordaremos o conceito de terricídio, tal como pensado por porta-vozes do Movimiento de Mujeres Indígenas por el Buen Vivir na reivindicação do reconhecimento jurídico do assassinato dos bosques como crime hediondo. Tal processo se estabelece justamente pelo reconhecimento do caráter sagrado, individual, comunicacional, cognitivo e pensante das florestas e sua complexa rede interrelacional de habitantes em coexistência.
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