D. Alexandre de Sousa e Holstein e a cultura lusitana numa Roma em ebulição (1790-1803)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n20p700Palavras-chave:
Prelúdio e epílogo da Repubblica Romana (1798-99), Aplicação das teorias neoclássicas no ensino das artes (Winckelmann e Mengs), D. Alexandre de Sousa e Holstein (1751-1803), Academia Portuguesa de Belas-Artes de Roma (1791-1803), Primeiro período romanoResumo
As conceções neoclássicas, propaladas pela produção teórica de Winckelmann e Mengs, encontraram em Roma, no fim do século XVIII, uma aplicação concreta, no que concerne a formação artística dos jovens portugueses enviados pela Casa Pia de Lisboa, ou vindos com subvenções alternativas, como Sequeira ou Vieira Portuense. A fundação de uma efémera Academia de Belas-Artes teve em D. Alexandre de Sousa e Holstein um protagonista requintado e culto, que viu o seu projeto interrompido por vicissitudes familiares e pela agitação política europeia, pressagiando a invasão da cidade de Pio VI pelas tropas de Berthier em 1798. Será o mesmo diplomata que, na sua segunda enviatura, irá dissolver o estabelecimento, projetado em colaboração com o Intendente-geral Pina Manique e posto em movimento com a preciosa intervenção do crítico de arte, colecionador e bibliófilo Giovanni Gherardo De Rossi. Nessa Urbe que reencontra devastada, irá morrer também, daí a pouco, o próprio D. Alexandre. Provindo de uma família excecional e prosseguidor de uma descendência ilustríssima, tem simbolicamente, na efígie sepulcral, finamente cinzelada pelo inefável Canova, a chave de ouro com que fecha a sua vida - uma vida que espera ainda um merecido estudo de grande fôlego.Downloads
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